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Vida Noturna

Berlim orgulha-se de sua vida noturna e com razão.

Basicamente, você pode sair para a balada qualquer noite da semana. Por toda parte, há bares que fecham tarde, e bandas e DJs em cada espaço grande o suficiente para acomodar um bar e um palco. A maioria das boates tem política de admissão tranqüila e preços de entrada baixos; e os moradores locais gostam de sair. Este é, em resumo, o sonho de todo insone – e um pesadelo constante para quem quer largar as noitadas. A reputação da cidade como um paraíso das longas noites em claro vem desde os tempos da República de Weimar, quando, além de ser prolífica em cabarés, Berlim teve o primeiro rascunho daquilo que hoje chamamos de comunidade gay.

A cidade nunca foi um lugar onde as pessoas tivessem medo de se divertir e até mesmo a Berlim Oriental, comunista, teve mais leis de cunho liberal do que Londres. Do outro lado do Muro, Berlim Ocidental estava cheia de juventude boêmia e artistas niilistas. Poucos desses tinham um emprego, mas a maioria tinha dinheiro para uma ou duas cervejas, além de um indispensável espírito hedonista. Há tempos também que Berlim é uma cidade onde a música tem importância. O público de shows da cidade é um dos mais entusiasmados do mundo. A impressão é de que todo mundo que você conhece é DJ e que, em qualquer barzinho, a escolha dos atendentes é baseada no gosto musical tanto quanto no talento com a coqueteleira.

Como em tantos outros aspectos, a história turbulenta de Berlim tem um efeito sentido até hoje em sua vida noturna. No dias da divisão, a Berlim Ocidental era uma ilha, distante das tendências musicais, enquanto a Berlim Oriental estava ainda mais segregada. O sentimento de que nada que saísse de lá poderia ser comercial levou a uma atitude de experimentalismo combativo - ‘se ninguém vai comprar isto mesmo, nós podemos fazer o que quisermos’. Esta atitude pode ser exemplificada por Einstürzende Neubauten, banda que até hoje é considerada um ícone da cidade, mesmo muito tempo depois do seu auge.

Embora muita coisa tenha mudado desde aquele tempo em que o pessoal fazia música usando martelos e furadeiras – refletindo bem a cidade que se reconstruía das ruínas do pós-guerra –, é certo dizer que Berlim nunca vai sair de seu transe e entrar de cabeça em alguma cena pop convencional. A cena noturna realmente decolou após a queda do Muro, quando o vanguardismo da Berlim Ocidental foi ao encontro de uma geração com sede de festa da Berlim Oriental, em pistas de dança improvisadas. Muitos espaços ficaram disponíveis graças ao abandono das fronteiras e ao colapso da indústria da Alemanha Oriental.

O cenário tecno que nasceu nesses tempos de terra de ninguém já passou, mas boates como a Berghain e uma nova versão da lendária Tresor continuam a abrir suas portas em espaços pós-industriais. Festas itinerantes, divulgadas no boca-a-boca e por panfletos, também exploram espaços que ainda não estão no circuito comercial. A renovação de Berlim, entretanto, continua a todo vapor, e as coisas estão mudando. Com os aluguéis aumentando, muitos dos velhos bares e boates têm desaparecido, assim como a estética do ‘faça você mesmo’ dos anos 1990 começou a desaparecer.

Enquanto isso, uma onda de jovens profissionais, que até recentemente jamais considerariam Berlim um bom lugar para morar, tem dado à cidade um ar cheio de estilo, mas meio sem-graça. Tanto é assim que algumas das únicas novidades realmente badaladas são restaurantes-bares como o Spindler & Klatt ou o Bangaluu. É no cada vez mais pomposo Mitte que impera a tendência de dar valor à moda e ter políticas de admissão mais severas. Mas, mesmo lá, não é muito difícil entrar em qualquer lugar. Hoje em dia, a Prenzlauer Berg tem um público mais variado, e ainda há espaço só dos locais, como o alternativo White Trash Fast Food. Friedrichshain e Kreuzberg oferecem um cenário mais desencanado. Schöneberg tem a maior cena gay da cidade. Tiergarten e Charlottenburg, por outro lado, são quase mortos depois do anoitecer.


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Escrito por Time Out Viagem editors
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