Time Out Viagem

Tóquio antiga

Asakusa continua diferente e charmosa.

Asakusa é famosa por abrigar o templo mais antigo de Tóquio, mas, por dois séculos, a região foi mais conhecida como um animado, senão indecoroso, bairro de entretenimento, onde se localizavam cinemas, cabúquis (teatros populares), casas de aposta e ‘óperas’ com dançarinas. Muitos desses estabelecimentos foram removidos, mas Asakusa continua diferente e charmosa. A região é plana, boa para pedestres; um dia passado ali é agradável, com os principais pontos cobertos em poucas horas. Asakusa não é, de maneira alguma, o segredo mais bem-guardado de Tóquio, então esteja preparado para multidões nos fins-de-semana.

Este itinerário mostra os dois lados do bairro: seus templos solenes e suas animadas distrações. Começamos na estação Asakusa. Pegue a saída 1, que leva à Kaminarimon Dori, perto da primeira parada do dia, o Kaminarimon. Apesar das aparências, este portão de oito pilares, emoldurado pelos deuses do vento e do trovão e com uma lanterna de quatro metros de altura, tem menos de 50 anos e foi um presente de Konosuke Matsushita, fundador da Panasonic, para substituir um portão construído em 942, freqüentemente destruído (incendiado pela última vez em 1945). O Kaminarimon marca o começo da Nakamise Dori, uma alvoroçada fila de lojinhas; a maioria oferece lembrancinhas sem valor, mas algumas poucas dão aos visitantes uma chance de comprar comida e produtos tradicionais, como biscoitos de arroz e leques.

Mas guarde seus ienes: este passeio o levará a lojas mais autênticas. No final da longa e reta Nakamise Dori, você verá o templo Asakusa Kannon. O templo está lá desde 628, mas seu prédio foi destruído e reconstruído inúmeras vezes, a última depois da Segunda Guerra Mundial. O Asakusa é conhecido por guardar (embora nunca tenha exposto) uma pequena estátua de ouro do bodisatva Kannon. Acredita-se que a estátua tenha sido encontrada por dois pescadores perto dali, no rio Sumida. Eles a teriam dado ao padre local, que teria construído o Senso-ji para a abrigar. Antes de entrar no templo, ‘purifique-se’, lavando as mãos e passando incenso pelo corpo. Depois, suba as escadas e balance a corda para tocar o sino (que alerta os deuses para sua presença), jogue cinco ienes no saisen bako – uma caixa de sarrafo –, depois reverencie duas vezes, bata palmas duas vezes (só para se assegurar de que os deuses estão realmente prestando atenção) e reze.

Depois de mais uma reverência, dirija-se às escadas. À sua direita estará o Gojuno-to, um pagode de cinco andares construído em 1973. A entrada é restrita aos parentes das almas preservadas ali, então olhe do lado de fora. Agora é hora de diversão. Siga entre o templo e o pagode, passando a estátua de Uryu Iwako, enfermeira do século 19 que se dedicou aos feridos de guerra e construiu um orfanato – e a tumba do poeta samurai (e autor de guias de viagem) Toda Mosui. Vire à direita, depois à esquerda e à esquerda de novo e você estará no Hanayashiki – o mais antigo parque de diversões do Japão, com uma montanha-russa construída em 1953. O peculiar parque tem brinquedos, comidas e atividades para todas as idades. Você precisa ser um pouco nostálgico para gostar dele, mas não terá que agüentar filas como as da Disney.

Evite se encher de algodão-doce, porque logo será hora do almoço. Antes de entrar em um restaurante tradicional, vamos visitar um pequeno museu muito querido dos moradores de Asakusa, o Edo-Shitamachi Traditional Crafts Museum. Siga à esquerda passando os portões do Hanayashiki e vire à direita na Hisago Dori. Atravesse uma rua e o museu estará do lado esquerdo da rua. Asakusa fica na região de Taito-ku, que se orgulha de preservar a tradição, incluindo artes e ofícios. O museu foi aberto em 1996 não apenas para mostrar o trabalho dos artesãos locais, mas também para mostrar às pessoas como suas peças são criadas. Todos os fins-de-semana, artesãos demonstram como fazer um shamisen (instrumento parecido com um violão), bonecas Hina Ningyo e esculturas de madeira, entre outras coisas.

Hora do almoço

Antes de subir para a exposição, pegue um panfleto que descreve todos os itens. Quando estiver cansado, é hora de comer. Vire à direita na saída do museu, desça a Hisago Dori e siga em frente até que ela cruze a Rokku Broadway, uma das poucas partes de Asakusa em que você encontrará executivos correndo para clubes de strip-tease e apostadores em uma maré de azar fumando cigarros até queimar o filtro. Continue na Rokku Broadway até chegar à Kaminarimon Dori. Vire à direita, atravesse a Kokusai Dori e siga na ruazinha à direita. Alguns metros depois, à sua direita, você verá o Sometaro, um restaurante de madeira com uma cerca baixa de bambu. Abra a porta de correr, tire os sapatos e espere que o levem até sua mesa.

O Sometaro serve comida caseira – macarrão com carne, frutos do mar e vegetais – que você mesmo cozinha em uma chapa quente na mesa. Tente chegar antes das 12h30 para evitar filas. Se não souber como fazer a comida sozinho, os garçons falam inglês e ficarão felizes em ajudá-lo; se preferir que outra pessoa cozinhe para você, opte pelo osomeyaki (macarrão, abóbora, ovo, carne picadinha, peixe e camarão desidratado). É um prato originado em Hiroshima e tão difícil de preparar, que precisa ser feito pelos cozinheiros do restaurante. Todos os pratos podem ser divididos, e os clientes costumam pedir mais de um por pessoa. Beba uma cerveja gelada ou um grapefruit sour (shochu com toranja fresca).

Templo escondido

Com a fome saciada, é hora de conhecer o templo escondido de Asakusa. Para encontrá-lo, vire à direita na saída do restaurante, depois na primeira à esquerda, e à direita novamente. O atual Tóquio Honganji é relativamento novo, tendo sido construído em 1953. Entretanto, se não fosse pela perseverança dos fiéis, não haveria nada ali.

O templo foi queimado ou severamente atingido 11 vezes entre 1612 e 1945. Como no Asakusa Kannon, é permitido rezar, mas talvez seja preferível apenas aproveitar o silêncio. Baterias recarregadas? Volte para a Kaminarimon Dori, até encontrar o Kaminarimon. Vire à esquerda na Nakamise Dori, depois na primeira à esquerda novamente. É aqui que você encontra a loja de facas Kanesou (1-18-12 Asakusa, Taito-ku, 3844 1379, www.kanesoh.com), freqüentada por chefs e barbeiros que procuram a ferramenta perfeita para seu trabalho desde 1873. Se uma faca não está no topo da sua lista de presentes, siga à direita para a Kannon Dori.

Você encontrará doces na Izumiya (1-1-6 Asakusa, Taito-ku, 3841 8385, www.asakusa.gr.jp/nakama/izumiya) e saquê seco no Daimasu Sake Bar, que fica escondido em uma ruazinha entre a Kannon Dori e a Nakamise Dori. Da Kannon Dori, você pode andar até o rio Sumida pra ver a carismática ponte Azuma e, do outro lado do rio, o excêntrico Flamme d’Or – um prédio negro e sem janelas com uma escultura de ouro gigante em seu topo que é conhecida como ‘cocô de ouro’, do designer francês Philippe Starck. Se o prédio de Starck não for suficiente para fazer sua cabeça girar, é hora de ir para a última parada do dia: o Kamiya Bar. Localizado perto da ponte na esquina da Kaminarimon Dori com a Umamichi Dori, o Kamiya, que abriu em 1880, foi o primeiro bar japonês de estilo ocidental.

Parece que foi nessa época que foi pintado pela última vez, e, embora o bar se orgulhe de ser ocidental, o modo de comprar bebidas é tudo menos isso. Antes de ser levado à mesa, você deve comprar fichas com as quais paga pelas bebidas. A mais popular delas é o Denki Bran (literalmente ‘conhaque elétrico’), um drinque inventado neste bar e agora vendido em todo o país. Este notório promovedor de ressacas – feito de conhaque, gim, vinho e curaçao – é bem mais gostoso do que parece. Cada mesa no Kamiya comporta cerca de 12 pessoas, e, esteja você sozinho ou em grupo, são grandes as chances de, no final da noite, ter feito amizade com alguém desta charmosa e talvez decadente região de Tóquio.

Escrito por Time Out Viagem editors
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