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Contexto

Uma cidade em ebuliçào constante.

Pequim é uma capital apropriada para o país mais populoso do planeta. Ela não é simplesmente grande; ela se multiplica, transborda. Avenidas expressas são construídas acima de outras avenidas, linhas de trem são abertas acima de rodovias e cada novo arranha-céu parece diminuir seus arredores. Isso traz problemas tanto para os turistas como para os moradores.

Como combinar passeios, jantares e saídas noturnas – isso sem falar em trabalho e moradia – quando cada atividade parece estar tão distante uma da outra? Felizmente, há alguns lugares imperdíveis e momentos de paz e tranqüilidade no meio de todo esse caos.

Os guindastes e as escavadeiras foram proibidos nas proximidades da superlativa Cidade Proibida e do Templo do Céu. A grandiosidade imperial, os velhos e empoeirados hutongs e os senhores de idade dançando e cantando ópera são um alívio bem-vindo, longe da classe média emergente de Pequim, ansiosa por modernidade. A cultura contemporânea está renascendo, com artes, música e cinema lutando para acompanhar o ritmo da avassaladora economia, que não dá sinais de cansaço.

Como centro político, histórico e cultural da China, Pequim está muito distante da sofisticação e do glamour da capital econômica Xangai. Os pequineses não se importam muito com amenidades ou com a aparência. O ponto forte da cidade é sua beleza, e o de seu povo é acreditar que uma cidade de mil anos de existência está sendo recriada sobre suas fundações antigas.

Se tem alguma coisa que qualquer viajante nota durante sua estada é o otimismo em Pequim – existente entre os moradores da cidade, entre os estrangeiros e entre os visitantes regulares. Os Ming e Qing podem ter desaparecido há muito tempo, e a última experiência de construção de um império – o Maoísmo – tem que ser ‘revista’, mas muitos aqui realmente esperam que o século 21 será sua vez – da mesma maneira que o século 20 pertenceu a Nova Yok, Bonn e Tóquio e que o 19, a Londres e Paris.

Há dois lados da moeda: Pequim pode se tornar uma cidade desordenada e sem personalidade onde consumidores ocidentais sugam as últimas gotas do misticismo oriental; ou pode evoluir para uma capital de nível internacional, combinando o conhecimento de Hong Kong sobre os negócios, o internacionalismo de Taipei e o charme de Xangai. Se você demorar muito, pode perder muita coisa; se for agora, verá uma cidade prestes a se tornar nova e emocionante.


Pequim hoje

A ruína e o recomeço

A década de 1980 foi de Hong Kong; os anos 1990, de Xangai. Agora, todas as atenções estão voltadas para Pequim. A cidade não tem todo o brilho e glamour de Xangai (em todos os sentidos). Está entre as mais poluídas do mundo, mas é mais prática e tem mais identidade e atitude que qualquer outro lugar na China.

Pequim é o coração do país, onde o nacionalismo pode ser visto em todos os lugares, das universidades às galerias de arte. A cidade é o centro político e cultural, onde as decisões são tomadas e movimentos underground, como os ligados à música punk e à arte contemporânea, têm início.

No mundo todo, todos tentam acompanhar o desenvolvimento chinês. Empresários de diversos ramos – do de telefonia celular ao de produtos para sex shops – estão lendo livros com títulos como Um milhão de consumidores, para encontrar um meio de entrar no maior mercado do planeta.

Mas os cidadãos de Pequim também se esforçam para não perder o bonde do progresso. A China está mudando muito rapidamente, e essas mudanças afetam todos os aspectos da vida. Em nenhum outro lugar isso é mais evidente que na capital chinesa.


Repaginando a cidade

A Pequim de hoje se parece com uma grande construção única e, à exceção do centro da Cidade Proibida, poucos elementos indicam que você está na capital histórica da China. A arquitetura mudou drasticamente durante 500 anos até a década de 1950, quando Mao Tsé-tung demoliu grande parte da cidade antiga para construir prédios funcionais e indústrias da República Popular. Todavia, na década de 1980, o prédio mais alto da cidade era o do Hotel Pequim, com apenas 17 andares.

Nos anos 1980 e 90, Pequim entrou em um longo e gradual processo de mudanças, mas agora parece que o progresso perdeu totalmente os freios e está fora de controle. Milhares de gruas podem ser vistas no horizonte da Pequim, nas obras de centenas de hotéis, arranha-céus, prédios comerciais e residenciais que se espalham pela cidade. Isso pode causar problemas na locomoção.

Graças ao enorme exército de operários vindos do interior, um prédio, um ponto de referência ou mesmo uma rua inteira podem desaparecer, sem aviso prévio, em questão de horas. Novos shoppings e arranha-céus emergem do chão à velocidade da luz. Você pode encontrar um restaurante perfeito em uma semana e vê-lo demolido na seguinte, sem ter deixado rastro. O desenvolvimento está em todos os lugares e é em grande parte causado pelos Jogos Olímpicos.

Os efeitos negativos são claros e muito bem-documentados, particularmente a demolição dos tradicionais e antigos pátios e becos, chamados de hutongs. Mas, apesar de a cidade estar perdendo suas características, nota-se uma melhoria na qualidade das construções e na qualidade de vida.

A nova cara de Pequim entrará para a história como exemplo da arquitetura do século 21, com prédios como o da CCTV, desenhado por Rem Koolhaas, o estádio olímpico conhecido como ‘Ninho de Pássaros’ e o teatro e ópera ‘Ovo’ (que custou US$ 600 milhões) tornando-se os novos pontos de referência. Ironicamente, a cidade tem se expandido exatamente de acordo com o plano que Mao esnobou na década de 1950.

Há um centro financeiro na região oeste da cidade, o empresarial no leste, o tecnológico no norte e novos centros comerciais no sul, além de algumas áreas em desenvolvimento dentro da Cidade Antiga. Vários projetos de conservação têm sido implantados para proteger os templos e o que sobrou da Cidade Antiga. Todo o centro empresarial nem mesmo existia uma década atrás.

Agora, com o desenvolvimento dos novos prédios home-office erguidos pela construtora Soho China, e também o World Trade Center, o China World Mall e outros 300 prédios em construção, a cidade poderia quase atingir Nova York no número de arranha-céus. Graças às Olimpíadas, em 2008 a infra-estrutura da cidade será comparada à de qualquer cidade do ocidente. Até 2020, Pequim terá o maior sistema de metrô do mundo.

Escrito por Time Out Viagem editors
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