Na era dourada do Império Otomano, celebrações extravagantes eram organizadas para comemorar qualquer ocasião, com o sultão encabeçando todas as cerimônias. Para a circuncisão de três filhos de Süleyman, em 1530, tendas ornadas com tulipas foram erguidas com estacas folheadas a ouro no Hipódromo, onde multidões eram entretidas com equilibristas caminhando por uma corda bamba presa ao Obelisco egípcio no centro do local. O público era alimentado com carne assada e, durante o banquete, raposas corriam pelo recinto. No festival anual de tulipas, grupos de tartarugas perambulavam pelos jardins imperiais com velas amarradas às suas carapaças.
Quando a República foi fundada em 1923, foi essa prática de excessos que levou os novos governantes do país às austeras planícies da Anatólia. A nova capital Ancara colocou um ponto final nas tradições imperiais e cerimônias públicas religiosas e deu início a uma série de comemorações patrióticas, como o Dia da República (29 de outubro) e o Dia da Vitória (30 de agosto). Uma outra prática foi introduzida no final do século 20: a instauração de feriados comerciais importados como o Sevgililer Günü (Dia dos Namorados), o Dia das Mães e até o Natal, geralmente confundido com o Ano Novo, uma vez que 95% da população é muçulmana.
Felizmente, nos últimos anos, um novo espírito comemorativo retornou: festivais diferentes acontecem em todos os meses do ano (a não ser no inverno). A população jovem da cidade cria um ambiente dinâmico, compensando a falta de experiência da organização destes eventos. Muitas destas comemorações são promovidas pela Istambul Foundation for Arts and Cultures (Istanbul Kültür ve Sanat Vakfı; www.iksv.org), sempre atraindo vários convidados internacionais. Agora, só é preciso trazer as tartarugas de volta.