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O melhor da cidade

O passado está vivo em Praga, algo difícil de imaginar em outras cidades destruídas durante a Segunda Guerra.

Com todos os períodos arquitetônicos do último milênio representados em seu mosaico, Praga às vezes parece ter camadas infinitas. Por isso, faz sentido o apelido de ‘Pompéia de Praga’ dado pelos conservadores à Prefeitura da Cidade Velha, na Praça da Cidade Velha, pois muitos vestígios de suas mais antigas estruturas – algumas ainda do período do Império Romano – estão enterrados sob este edifício civil e sob as ruas que o cercam. Trata-se também de uma construção que simboliza uma nação invadida e ocupada por forças estrangeiras – neste caso, pelos nazistas no final da Segunda Guerra Mundial.

A identidade nacional dos tchecos tem muito a ver com a luta pela soberania e contra as grandes potências que sempre os cercaram. E, após mil anos de luta incessante, o projeto para reconstruir a Prefeitura da Cidade Velha, anunciado no início de 2008, deve dar algum tipo de encerramento à questão. 

A cidade também prometeu, finalmente, organizar os milhares de anúncios e mesas de café que têm invadido a Praça da Cidade Velha por anos. Entretanto, talvez seja melhor encarar estas promessas com um pouco de ceticismo: no século passado, aconteceram sete licitações diferentes para novas idéias para a praça, e nenhuma delas resultou num tijolo sequer assentado. Ainda assim, a remodelação da praça para remover uma das piores cicatrizes de Praga é ousada. Os tchecos, como muitos outros povos, não fazem questão de lembrar episódios obscuros do passado. Raramente se fala do período da dominação soviética – um historiador americano acabou montando o Museu do Comunismo.

Entretanto, o passado está vivo em Praga, algo difícil de imaginar em outras cidades destruídas durante a Segunda Guerra e reconstruídas nos anos que a sucederam. Talvez se voltar ao século 19, como fazem muitos museus e galerias de Praga, seja um tipo de defesa. Seja qual for a razão, certas recordações se fazem presentes, como os mamutes do Museu Nacional ou o trabalho dos pintores ajudados por Rudolph II durante o Renascimento. Esta cidade de 1,2 milhão de pessoas tem mais de uma dezena de museus significativos e, por enquanto, três militares.

A própria Cidade Velha é chamada de ‘Museu Arquitetônico ao Ar Livre’, e a Praça da Cidade Velha tem as quatro principais coleções de arte da cidade, todas com obras tchecas: o Palácio de Kinsk, a Casa do Anel Dourado, a Casa do Sino de Pedra e a Prefeitura da Cidade Velha. Um dos mais atraentes museus, o Museu Tecnológico Nacional – que apresenta incontáveis exemplos da Czechnology (‘Tcheconologia’) na forma de aviões, carros e invenções – passava por reformas quando este guia foi escrito e deve ficar pronto em 2010.

Outra grande coleção desta era arrebatadora está sempre à mostra no Museu das Artes Decorativas. Enquanto isso, outras atrações da cidade, como o Castelo de Praga e o Antigo Cemitério Judaico permanecem completamente imutáveis – a única mudança visível acontecida na administração do primeiro. A Catedral de São Vito, ponto central do castelo e que abriga a torre mais proeminente da cidade, é propriedade de Igreja. Mas, como o Estado tomou o controle de todas as igrejas após o golpe comunista, em 1948, e transformou os membros do clero em funcionários do Estado, a administração da São Vito ainda é alvo de disputas.

A Justiça determinou que o Estado deve deixar o controle da igreja, mas ela é há muito considerada um componente do castelo, cujo controle é estatal. Portanto, não se surpreenda ao ser informado que as diferentes áreas da catedral estão abertas ao público ou proibidas, ou que os preços para se entrar na igreja sofreram reajuste. Tal é o embate de poder que dura um século entre a nação e os bispos. Concomitantemente, as exposições do Castelo de Praga ainda consistem em ilustrações mimeografadas empoeiradas, com uso predominantemente russo (de fato, não há grandes maravilhas no interior do Castelo: todos, dos escandinavos até os nazistas e soviéticos, pilharam seus maiores tesouros durante séculos).

A ala do Antigo Palácio Real, entretanto, foi renovada com as exposições voltadas para o público internacional. As mostras, que espelham a amplitude do próprio palácio, se espalham por uma dúzia de quartos e retratam uma visão interessante da vida no palácio desde 3200 a.C. Embora o castelo date de 900 d.C, o monte conhecido agora como Hradčany era um solo sagrado dos povos pagãos, como mostram os rituais funerários que ainda intrigam os cientistas. Outros lugares importantes da cidade têm se esforçado para manter a forma. O Museu da Música, na rua Karmelitská, em Malá Strana, vale uma visita. Suas mostras – coloridas, interativas e barulhentas – são um sucesso de público desde que ele abriu suas portas.

E uma das mais importantes construções do Renascimento Nacional Tcheco, o Teatro Nacional, também está recebendo tratamento especial. Após anos de abandono, a casa da cultura tcheca e santuário de Smetana passa por ampla reforma paga pela sociedade civil. Lugares como o Museu Judaico, segundo espaço mais visitado de Praga, têm apresentado exposições em parceria com outros museus e galerias. E o Museu Nacional continua recuperando sua reputação, com novas mostras criativas.

O Zoo Praha, ótimo para crianças, está melhor do que nunca. Tem programas novos, locais onde crianças podem tocar nos animais e posts dos leões sendo alimentados no website. Apesar de todas estas atrações, a maioria dos turistas ainda aprecia Praga andando por suas ruas, que são estreitas ‘de propósito’ (a Cidade Velha, com seu Relógio Astronômico, tem apenas 2 quilômetros de extensão) e, mesmo com o desenvolvimento comercial, sua aparência mudou muito pouco nos últimos séculos.


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Escrito por Time Out Viagem editors
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