A cidade que se tornou o ícone da balada. Vale a pena dançar, pois é daí que saem muitas das melhores histórias de aventura e tragédia da viagem. Como a maioria das cidades da velha Europa Oriental, os dance clubs (atenção: a palavra inglesa nightclub, em Praga, quer dizer ‘bordel’) estão longe de serem considerados apenas lugares para dançar. Como locais proibidos – ou, pelo menos, como lugares onde se ouvia música proibida e se presenciava relances das tendências do Ocidentes –, as casas noturnas tiveram um importante papel no processo de revolução social da cidade.
Clubes como o Roxy, que é oficialmente uma organização civil, ainda desfrutam o status de terem inserido Praga no mundo moderno. E este clube em particular, instalado em um antigo cinema cujas poltronas foram removidas, vem se aprimorando e agora satisfaz as exigências modernas dos jovens com som sofisticado, luzes, bares e bons toaletes. Também merece os louros por ter liderado a tradição da vida noturna de Praga, baseada em casas localizadas em áreas abandonadas e negligenciadas, com DJs instalados em um bar descuidado e pessoas se amontoando para dançar entre canos abertos, pisos soltos e uma decoração que parece ter saído do lixão.
As casas noturnas continuam a aparecer em espaços estranhos e inesperados, como você descobrirá nas páginas dos folhetos gratuitos distribuídos nos bares do centro da cidade, alguns em locais de fato surpreendentes – se a fábrica de trem estiver lotada, você pode ir ao bunker Parukářka (sim, é um abrigo usado na Guerra Fria para se proteger de bombas) ou ao Memorial Nacional, um mausoléu soviético no alto da colina. Contudo, as últimas estrelas da cena noturna – como o Retro Music Hall, o Duplex e o Misch Masch – dispensam o frisson de casa lotada.
Mesmo com tantas novidades, ainda vale tudo nas festas e baladas. Leis anti-drogas até existem, mas não são tão aplicadas; moralismos sexuais nunca foram tão esquecidos; e quem não vara à noite em claro é tido como vítima do triste sistema. Com os limites de idade para bebida ignorados por todos, parece que as atitudes chocantes são desta geração. Em alguns lugares, como o Karlovy Láznê, palácio de festas de baixo nível onde os adolescentes bêbados sempre procuram o perigo, transparece um aspeto obscuro.
Não obstante, casas noturnas descoladas e o preço baixíssimo da cerveja em Praga fazem da balada o esporte preferido entre os milhares de estudantes estrangeiros que passam um semestre aqui. Você irá encontrá-los se divertindo nos decadentes Cross Club e Nebe e em bares como Marquis De Sade e Vagon. Quanto à programação, Praga ainda não é a cidade mais provável para o aparecimento de um DJ celebridade (embora muitos se esforcem para acompanhar as tendências – consulte www.techno.cz para saber quem são os do momento).
Mas a nova geração de clubbers tchecos é bem viajada e mais exigente do que nunca, ainda que muitos de moradores de Praga ainda preferiram passar uma noite sentados em um bar ou uma adega conversando e fumando. Embora a vida noturna de Praga já atraia muitos visitantes por seu hedonismo desenfreado, a cidade ainda não pode ser colocada ao lado das capitais da balada da Europa – se comparado o número e a variedade de lugares que Praga e outras cidades oferecem. A Praça de Venceslau, onde fica a Duplex – do qual se avista a praça a uma altura vertiginosa – é repleta de néon e de vendedores ambulantes que dão origem a um rentável comércio noturno: os clubes adultos.
Apesar dos apelos de muitos moradores cansados de testemunhar os pontos históricos de Praga sendo encobertos por casas de strip e legiões de homossexuais, o crescimento deste próspero setor é contínuo. O Hot Pepper´s, um dos poucos lugares onde a dançarina fica bem longe do cliente, está competindo agora com meia dúzia de casas na Praça de Venceslau, muitos oferecendo publicamente garotas de programa por meia hora.
A prostituição não é proibida na República Tcheca, mas o aliciamento é, o que justifica os clubes funcionarem abertamente, mas classificando as meninas como autônomas – uma boa solução, se fosse verdadeira. Quantas delas estão, de fato, trabalhando por conta própria e quantas podem ter sido trazidas do leste, ninguém sabe nem nunca saberá. Muitos prostíbulos funcionam no esquema de sempre (a primeira bebida ou mesmo a entrada é gratuita – mas a partir da segunda dose, a bebida custa dez vezes mais).
Misch Masch
Veletržni 61 (603 222 227/ www.mischmasch.cz). Metrô Vltavská. Aberto 5ª a sáb., 20h-4h.
O antigo Disco Letná continua em alta como sempre, com festas temáticas intensas e excêntricas, pop-dance nas alturas e um pouco de tudo, de biquínis molhados a criações de gosto duvidoso. DJs celebridades que adoram agitar a galera são o centro da diversão.
Retro Music Hall
Francouzská 4 (603 476 747/ www.bordo.cz). Metrô Námêstí Míru. Aberto 5ª a sáb., 17h-5h.
A mais nova casa noturna de grande escala do bairro, a Retro sabe como aproveitar seu espaço subterrâneo, com festas cheias e barulhentas conduzidas por DJs locais. A programação inclui hip hop, que atrai todas as meninas bonitas dos arredores.
Blind Eye
Vlkova 26 (sem telefone/ www.blindeye.cz). Metrô Jiřího z Podêbrad. Aberto diariamente, 19h-4h. Bar
Se você quer ouvir teorias da conspiração ou encontrar intercambistas, este é o lugar. No passado uma taverna clandestina, hoje é um bar legalizado, mas ainda conta com corredores escuros e interiores gastos.
Cross Club
Plynární 23 (736 535 053/ www.crossclub.cz). Metrô NadraŽi Holešovice. Aberto 2ª a 6ª, 14h-3h; sáb. e dom., 16h-5h.
Pode parecer uma loja de autopeças, mas não se deixe enganar pelas aparências. Saindo do metrô, suba na direção norte. Este ímã de artistas é um centro de música, filme, dança e bebida, e todas as superfícies foram trabalhadas como em uma galeria de arte, criando o bar mais vanguardista da cidade. O ambiente, simples e descontraído, não é para quem quer fazer pose.