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Contexto

O paraíso tem seus problemas, mas sempre encontra solução.

Embora a Flórida seja habitada há pelo menos dez séculos, pouco se sabe sobre os antigos moradores da região, que descendiam dos indígenas da América do Sul e Central. Mas a descoberta de objetos no centro de Miami, em 1998, alterou o que se acreditava até então, e hoje se sabe que entre esses habitantes estavam os nativos do povo calusa (ou tequesta), cujas origens remontam a dois milênios.

Porém, pesquisas mais detalhadas datam da chegada de um dos grandes exploradores espanhóis à América. Juan Ponce de León acompanhou Cristóvão Colombo na segunda viagem à região, em 1493, e foi o responsável pela conquista de Porto Rico para a Coroa espanhola. Como recompensa, recebeu em 1510 o cargo de governador da ilha, mas o espírito de aventura nunca o abandonou. No período em que foi governador, Ponce de León ouviu relatos sobre uma lendária ilha chamada Bimini, em uma região ao norte de Cuba (que o explorador havia visitado junto com Colombo).

Segundo os relatos, Bimini abrigava abundantes jazidas de ouro, além de uma fonte mágica cujas águas tinham o poder de cura e de rejuvenescimento. Impressionado com as lendas, em 1512 Ponce de León repetiu o que ouvira para o rei espanhol Fernando II. Em poucos dias, o explorador recebeu um barco, uma tripulação e ordens para encontrar, conquistar e colonizar a ilha de Bimini.

Quando a expedição finalmente avistou terra, em 27 de março de 1513, Ponce de León achou que tinha atingido seu objetivo. Aportou ao norte da atual cidade de St. Augustine, na costa nordeste da Flórida, e declarou que o local pertencia ao reino da Espanha. Como era um domingo de Páscoa, deu ao local o nome de Pascua Florida – por causa das flores usadas durante esta festividade na Espanha. Ponce de León acreditava ter chegado a uma ilha e tentou dar a volta em busca do ouro e da fonte mágica – mas não encontrou nenhum dos dois. O explorador desistiu da aventura e voltou para Porto Rico em 1514.

Diversas tribos indígenas habitavam a Flórida e arredores. Alguns nativos, como os que viviam em Cuba, haviam recebido os espanhóis sem resistência, mas outros enfrentaram violentamente os invasores. Quando Ponce de León voltou à Flórida, em 1521, com dois navios repletos de cavalos, bois, ferramentas, sementes e colonizadores para dar início ao povoamento espanhol, foi atacado pelos nativos.

Ferido, ele fugiu para Cuba, onde morreu logo depois. Porém, a lenda da Flórida não desapareceu. Nos anos seguintes, um grande número de jovens espanhóis tentaram (sem sucesso) fundar uma colônia permanente, sobretudo movidos pelo desejo de encontrar as tão faladas minas de ouro. Os nativos expulsaram os colonizadores, que, por volta de 1560, já não demontravam o mesmo interesse por aquelas terras. Um exército francês liderado por Jean Ribaut chegou em 1562 com o objetivo de reivindicar o território para a França, e os espanhois perceberam que teriam de agir ou perderiam a posse do território.


Miami hoje

Miami e sua animada vida noturna continuam agitadas, apesar do processo de “hollywoodização”. Algumas regiões, como a movimentada área financeira de Downtown, vêm ganhando vida própria. Moradores e visitantes que se queixavam da falta de opções culturais agora podem aproveitar o centro de artes local. Para quem acha que isso é pouco, basta citar um evento: o Art Basel, maior feira de arte do mundo, promovida em Miami Beach.

Mas por que será que Miami está mudando? A cidade que certamente demorou para florescer está agora amadurecendo. As pessoas que se instalaram aqui no final dos anos 1980 e início dos 1990 – atraídas pela agitação da vida noturna, pela energia das celebridades e pelo hedonismo – ficaram mais velhas. Não que elas estejam necessariamente dispostas a se acomodar, mas talvez queiram reduzir seu ritmo e investir em outro tipo de sofisticação. Gostando ou não, a cidade está crescendo – assim como seus moradores.


Miami latina

Ao se entrar numa loja ou restaurante em Miami, é grande a chance de se ouvir "buenas tardes" – e isso porque 75% dos moradores falam uma língua estrangeira, em geral o espanhol. Não é de se surpreender que Miami às vezes seja chamada de “capital das Américas”, título que os latinos do local adoram propagar.

Embora a cidade pareça estar mais identificada com os exilados cubanos, na verdade ela é panlatina e abriga cidadãos de muitos outros países latino-americanos, o que contribui para o mix de falas hispânicas. Do mesmo modo como os cubanos, que por mais de 40 anos têm procurado refúgio em Miami para fugir das atribulações políticas e econômicas de seu país, mais gente chega a Miami em busca de uma vida nova.

Em geral, a população da cidade reflete a situação nos países ao sul. Há décadas, trabalhadores vindos do México, da Guatemala e de El Salvador encontram emprego por aqui. Nos últimos anos, houve um aumento da população argentina devido às oscilações econômicas daquele país. Os colombianos hoje respondem por um dos grupos latinos mais numerosos, pois chegaram ao longo de décadas de incertezas em sua terra natal, enquanto o fluxo de venezuelanos cresceu após os anos de Hugo Chávez no poder, que seguem com Nicolás Maduro.

Os brasileiros costumam formar um fluxo constante, geralmente em busca de melhores condições econômicas e sociais. Imigrantes peruanos e nicaragüenses também estabeleceram, já há bastante tempo, suas comunidades na Flórida. A combinação de culturas latinas não acontece sem dificuldades, uma vez que há uma tendência de cada uma das comunidades de se agrupar numa mesma área: além de Little Havana, em Miami Beach já encontramos uma Little Buenos Aires e até um Little Brazil, todos localizados a alguns quarteirões de distância. Com tantos sotaques diferentes, Miami às vezes mais lembra uma torre de Babel do que um caldeirão de culturas.

Escrito por Time Out Viagem editors
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