Os espanhóis mais inspirados as descrevem como ‘o mundo em um prato’. Segundo eles, as tapas são a prova concreta da natureza sociável do país, de sua necessidade em compartilhar e da importância que dá aos momentos agradáveis em boas companhias. Graças à tapa, é possível passar uma noite inteira em um bar sem precisar de ajuda para voltar para casa depois. Esta é a característica espanhola que muitos estrangeiros que visitam o país costumam não entender, acostumados que estão aos jantares formais ou a petiscos em restaurantes caros.
Para os espanhóis, não importa o que você come, mas como você come. Uma criação acidental, as tapas surgiram na Andaluzia e originalmente consistiam em pedaços de presunto ou lingüiça colocados em cima de um prato e de uma fatia de pão, servindo para tampar um copo de vinho e protegê-lo do pó e das moscas.
A palavra tapa vem daí. A idéia foi ganhando outras formas no século 19, com o principal objetivo de manter o cliente sempre sedento e, assim, vender mais bebidas. No entanto, o sucesso das tapas veio mesmo nos anos 1940, após a Guerra Civil, quando muitos dos bares de Madri foram inaugurados. Os tipos de tapa variam de região para região, mas você encontra a maioria deles na capital. Os bares galegos destacam polvo, camarão e frutos do mar, tradicionalmente servidos em tigelas de cerâmica e com vinho Ribeiro branco. Já nos bares de Extremadura, há migas (migalhas de pão fritas) com chorizo.
Os estabelecimentos asturianos são especializados em sidra – teatralmente servida do alto para separar os sedimentos – acompanhada de lingüiça, morcilla ou queijo de cabra. Os bares andaluzes oferecem xerez seco com mojama (atum seco) ou sardinha. As especialidades de Madri são as patatas bravas, miúdos (especialmente callos, ou tripas) e caramujos com molho apimentado.
As tapas foram se tornando cada vez mais sofisticadas e caras, e um tapeo hoje pode custar mais do que uma refeição completa. Não hesite em descartar os restos (caroços de azeitona, conchas de mariscos e guardanapos usados) jogando-os no chão, a não ser que esteja num lugar mais chique – aí, a dica é imitar os outros clientes. E lembre-se: muitas tapas foram criadas para serem comidas com as mãos.
