Time Out Viagem

Contexto

De posto comercial fenício à cidade européia.

Antes de chegar a Lisboa, o Rio Tejo se alarga em um dos maiores portos naturais do mundo, para depois se estreitar novamente e desaguar no Oceano Atlântico. Na margem norte, riachos de água limpa se juntam ao rio, vindos das colinas ao redor. A margem sul é mais plana, com pequenas baías conhecidas há tempos pelas ricas colônias de ostras e pela área de pesca. Em torno de Alcochete e Montijo, ainda existem represas de água para produção de sal. Lisboa cresceu no monte mais importante da margem norte, onde a corrente de água é mais rápida e profunda. Em parte, a cidade deve sua singularidade ao rio, o mais longo da Península Ibérica, com um vale que se estende além de Madri.

Segundo uma tradição, Ulisses teria fundado a cidade, cujo nome seria uma corruptela do nome do herói, mas tem maior credibilidade a história dos marinheiros fenícios que se aventuraram nessas terras e a batizaram de ‘Alis Ubbo’ – ‘porto sereno’ –, que se transformou em Olisipo e depois Lisboa.

De qualquer forma, a região é habitada há milênios. Sociedades de caçadores nômades deixaram suas marcas. Populações agrícolas se fixaram em pequenos afluentes do Tejo. E outras, que viviam da coleta de conchas, ocuparam o estuário. A área foi um cruzamento das rotas de comércio na antiga Idade do Bronze e, do século 8 a 6 a.C., os fenícios ampliaram seu negócio de Cádiz até a foz do Tejo, onde estabeleceram um entreposto para armazenar o estanho vindo de Cornwall. Lisboa já era um porto do Mar Mediterrâneo séculos antes de se tornar o primeiro porto voltado para o Atlântico.

Lisboa hoje
Suspensa no canto mais oeste da Europa, de onde navios partiam para descobrir o resto do mundo, Lisboa é hoje muito mais um destino de chegada. Depois de décadas tachada de ‘orgulhosamente só’, apelido conferido por seu obscuro ditador Salazar – o que fazia a população realmente se considerar isolada e pobre –, Portugal, enfim, abraçou o mundo.

A Expo Lisboa 1998 – que surpreendeu a população local por ser um sucesso e por deixar um impressionante legado físico – deu aos portugueses a confiança para sediar outros eventos, como a Eurocopa de futebol, em 2004. Há muito tempo se escuta murmúrios sobre o país receber as Olimpíadas. Mas, talvez, o legado mais importante da Expo para Lisboa tenha sido o estímulo às atividades cotidianas e lucrativas, como conferências de negócio e vários eventos esportivos menores, que ajudaram a remodelar a natureza de temporadas turísticas da cidade.

Tudo isso aconteceu como resultado de anos de arriscado desenvolvimento econômico, conseqüência da entrada na União Européia. A comunidade, assunto delicado para muitas nações-membro, é vista como uma boa coisa pela maioria dos portugueses, porque eles a associam à democracia e à prosperidade. Depois que Portugal juntou-se à Comunidade Econômica Européia, em 1986, a ajuda regional financiou muitos projetos que transformaram a estrutura econômica e deu expectativa às pessoas.

Existiram tanto perdedores como vencedores. Muitos – particularmente pensionistas e trabalhadores sem qualificação profissional – foram deixados para trás pela nova onda econômica, e nunca mais conseguiram alcançá-la. Mas o investimento alimentou a atividade e o potencial econômicos. A renda per capita cresceu continuamente, cada vez mais próxima da média da União Européia. O sucesso de Portugal em se qualificar para a união monetária européia reduziu as taxas de juros, engatilhando um boom na construção e no crédito, o que alimentou ainda mais o crescimento.

Arquitetura
Apesar da origem de Lisboa se perder entre lendas, seus dias como uma cidade provinciana de Roma são lembrados pelas ruínas espalhadas pelo centro em bolsões subterrâneos – porém visíveis. O Teatro Romano é um deles. Os séculos após a queda de Roma deixaram poucas marcas e os vestígios mais antigos da vida civil e urbana são aqueles feitos durante o domínio mouro, entre os séculos 8 e 12. Rodeada pela Cerca Moura, a muralha que acompanha o Castelo de São Jorge, Alfama era o centro da antiga cidade.

Janelas com venezianas, para evitar os olhares dos passantes sobre as mulheres, ainda podem ser vistas em algumas casas, e o quarteirão ainda tem lá seu toque de porto da África do Norte. O estilo popular mudou muito pouco com o passar do tempo. A tradicional casa portuguesa mantém linhas simples, paredes brancas pintadas com cal e janelas pequenas.

A arquitetura progrediu no século 15, quando Dom Manuel I, conhecido como o Afortunado, fez uso da riqueza acumulada com a rota para as Índias. Palácios e igrejas foram construídos e arquitetos reais, como Francisco de Arruda, inventaram um novo e tardio estilo gótico, conhecido como manuelino. Este se caracterizava por paredes planas, mas com janelas extravagantes e portais decorados com a fauna e flora, motivos marítimos, o brasão do rei e a Cruz de Malta.

As estruturas ainda visíveis hoje em dia incluem, para o oeste, a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerônimos, com suas espetaculares abóboda e nave. Para o leste de Lisboa fica outro exemplo, a Igreja Madre de Deus, agora Museu Nacional do Azulejo. Lioz, um tipo local de calcário, deu a esses pesados edifícios um ar leve e gracioso.

Escrito por Time Out Viagem editors
Compartilhe

Comentários dos leitores

blog comments powered by Disqus

Outras notícias recomendadas

Esqui com exclusividade no Chile

Suíte temática do Sofitel Guarujá Jequitimar

7 cidades próximas a SP para curtir a dois