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A Itaúnas de hoje já não é a mesma do passado, literalmente.

Há quase quatro décadas as dunas engoliram o que era a pequena vila de pescadores e a cidade teve de ser transposta para o outro lado do rio. Hoje, o passeio pela “ex-Itaúnas” é um dos programas mais divertidos fora das praias e até é possível identificar o mastro da igreja, algumas ruínas e encontrar cerâmicas pelas areias.

Quase na divisa com a Bahia, a 270 km de Vitória, a vila de pescadores de Itaúnas é um dos trechos mais paradisíacos do litoral norte do Espírito Santo. Lá, o Parque Estadual que se estende por 38 km de costa em torno da bacia do Rio Itaúnas, abriga uma enorme variedade de ecossistemas: dunas, mangues, restinga, alagados. A diversidade natural contrasta com a homogeneidade dos visitantes; quem vai até lá é forrozeiro (ou no mínimo gosta um pouco do balanço) e amante do espírito simples da vilazinha, sem pousadas requintadas ou restaurantes para gourmands. Todo tipo de natureza de dia, só forró à noite – isso é Itaúnas.

Quando o sol aparece, o principal atrativo é a Praia de Itaúnas. Em frente às dunas brancas de quase 30 metros de altura, o mar “azul-azul” tem águas mornas e é acompanhado por uma interminável fileira de coqueiros. O comércio e, durante a temporada, a alta dos visitantes deixam as coisas mais agitadas nessa parte da costa. Para sossego, siga a pé ou a cavalo por 10 km até a Praia do Riacho Doce, lugar quase deserto, fronteira com a Bahia. Boas opções de praia já em território baiano são Costa Dourada, com falésias e mangues, Coqueiral, pontilhada com quiosques, e Gesuel, inacessível quando a maré enche. Ao final dos passeios, vale um mergulho no Rio Itaúnas para livrar o corpo da água salgada.

“Dobradiça”, zabumba, “oito” e bate-coxa, são partes do vocabulário do forró que, à noite, vira idioma oficial da cidade. Aos menos entendidos no assunto, cabe lembrar que o estilo tradicional de Itaúnas, o chamado “pé-de-serra”, tem pouco a ver com o “forró universitário”, também freqüente nas caixas de som da região, mas por influência recente dos visitantes paulistas e mineiros (segundo os puristas capixabas, uma indesculpável deturpação). Nas pausas do remelexo, a bebida é cachaça curtida no cipó-cravo e suas variações com gengibre, cravo, canela e mel – tudo para esquentar a dança e relaxar os inibidos. Baladas de forró, como o Forró Cipó e o Bar Forró, começam a lotar a partir da meia noite e a festa vai até de manhã.

A Itaúnas de hoje não é, literalmente, a mesma Itaúnas do passado. Explica-se: a vilazinha de pescadores original foi engolida pelas dunas há quase quatro décadas e, então, a cidade teve de ser transposta para o outro lado do rio. Hoje, o passeio pela “ex-Itaúnas” é um dos programas mais divertidos fora das praias, onde ainda é possível identificar o mastro da igreja, algumas ruínas e encontrar cerâmicas pelas areias. Outra boa opção é conhecer o trabalho do Projeto Tamar, que cuida das tartarugas-marinhas que desovam nessa parte da costa capixaba. Para os andarilhos, ainda há trilhas como a do Bixo, do Rio, do Tamandaré e Alméscar.

A vila de Itaúnas é parte do município de Conceição da Barra. O acesso até lá é feito primeiro pela BR-101, depois por um trecho da estrada que acaba na cidade de Conceição da Barra e, finalmente, por 20 km de uma estradinha de terra batida até o destino final. Vale lembrar que coisas como caixa eletrônico, posto de gasolina e sinal de celular não fazem parte do espírito Itaúnas de viagem. É melhor ir bem preparado.

Escrito por Time Out Viagem editors
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