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Contexto

Ruína, reconstrução, invasão, revolução: o DF possui de tudo.

À primeira vista, a história do México parece uma série de relatos de rupturas e revoluções; de civilizações que surgem do nada, atingem seu auge e depois desaparecem de forma tão misteriosa quanto seu nascimento; de culturas que tentam impor sua língua, costumes e religião a povos resistentes; de guerras e territórios perdidos. Se há uma constante na história do México, que liga os templos de Teotihuacán ao terremoto de 1985, são as ruínas.

Se olharmos mais profundamente, entretanto, descobriremos que as constâncias na história do país são mais espantosas que suas rupturas: antigos hábitos são difíceis de serem mudados na sociedade mexicana, e podem sobreviver à destruição das civilizações que os promulgaram. E talvez você compreenda que os próprios mexicanos estão ainda muito ligados ao passado. Para resumir em uma frase: é uma das histórias mais grandiosas do mundo.


Cidade do México hoje

O jornalista Témoris Grecko em uma cidade em constante transformação

A primeira coisa que você notará quando chegar à Cidade do México é que ela está longe de ser a gigantesca favela poluída e dominada pelo crime que se poderia imaginar. A segunda é que, se olhada mais de perto, é uma cidade excepcionalmente vibrante e hospitaleira, repleta de riquezas arqueológicas e que, apesar de ter seus problemas, é bem mais funcional do que qualquer metrópole com uma população maior que a da Holanda.

Lingüística e geograficamente, a Cidade do México fica no centro do mundo hispânico. Os Estados Unidos estão ao norte, com seus 35 milhões de latinos; a leste, a Espanha; e ao sul, a América Central e a do Sul. A cidade possui a maior concentração de pessoas de fala espanhola no mundo todo e, em termos de negócios, é a segunda maior cidade da América Latina, só perdendo para São Paulo. Na arquitetura, é um lugar especial, com uma variedade de construções que datam desde a era pré-colombiana até a semana passada.

Possui mais museus que qualquer outra cidade do mundo; tem a quarta maior concentração de teatros do planeta; com o crescimento da cena artística e a ZONAMACO, a feira anual de arte contemporânea, também vem ganhando importância no circuito internacional das artes. E, apesar disso tudo, ainda tem má fama. A segunda maior área metropolitana do mundo – ou a terceira, dependendo da fonte consultada –, com mais de 19 milhões de habitantes, a Cidade do México não é um lugar fácil para se viver.

Embora tenha vários atrativos, e eles são consideráveis, não há como ignorar que a cidade enfrenta problemas como crime, poluição, trânsito, corrupção, falta de água e pobreza – é preciso ter coragem para ser um chilango, como são chamados os habitantes da cidade. Mas, de qualquer maneira, os chilangos, tanto nativos quanto adotados, sobrevivem e prosperam na cidade. Portanto, não se surpreenda se chegar preocupado com sequestros, poluição e corrupção, e sair pensando em quando poderá voltar. Você terá vivido a experiência de conhecer uma das cidades mais esfuziantes, criativas e dinâmicas do planeta – e há o risco de nunca mais ir embora.


Traços astecas

O que os Mexicanos deixaram?

Você não conseguirá apreciar inteiramente a Cidade do México ou sua história sem conhecer um pouco de sua herança asteca, que pode ser percebida tanto em seu aspecto físico quanto psicológico, sociológico e metafísico. Quase 500 anos se passaram desde que os conquistadores espanhóis destruíram a civilização asteca. Os templos, palácios e jardins que sobreviveram ao cerco, que envolveu partes da atual praça Zócalo (que também era a principal praça da era pré-hispânica) foram arrasados – uma forma de os espanhóis mostrarem poder, já que construíram a capital da sua colônia no mesmo local.

Apesar de muitos mercados e áreas comerciais da cidade ainda se encontrarem em seus lugares originais, não há nada hoje que indique que a Avenida Hidalgo, que segue a oeste a partir do Centro, era uma calçada que atravessava os lagos que cercavam a capital asteca, Tenochtitlán; e o último dos canais da cidade, antes uma de suas principais vias e que inspirou os invasores europeus a descrever o local como a Veneza do Novo Mundo, foi aterrado no início do século 20.

Quase todos os traços astecas que você verá na Cidade do México são consequência de acidentes históricos – perdidos, enterrados ou vistos como sem importância na época da conquista; o interesse ‘oficial’ na civilização asteca só começou realmente após a independência mexicana da Espanha. Mas, quando se começa a conhecer melhor a cidade, descobrem-se indícios físicos dessa antiga nação – e os próprios mexicanos podem ser essa conexão direta.

Em contraste com as demais cidades construídas pelos espanhóis na América Latina, que nunca foram o lar de populações indígenas, os rostos de muitos chilangos (nome dado a quem nasceu na capital mexicana) refletem o tipo físico dos antigos astecas. Moctezuma é um sobrenome que ainda pode ser achado na lista telefônica da Cidade do México; e Náhuatl, a língua viva dos astecas, é falada por 1,5 milhão de pessoas ao redor da atual capital do país.

Escrito por Time Out Viagem editors
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