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A surpresa dos novos vinhos

Neste exato momento, os vinhos argentinos estão exatamente onde deveriam estar: na boca do povo!.

Após décadas de baixo desempenho, o gigante adormecido da indústria vinícola global está despertando e começando a acreditar no seu imenso potencial. E não era sem tempo. A Argentina há muito é o quinto maior produtor de vinho mas, no passado sombrio, seu papel se limitava a produzir um vinho rústico da mesma forma que a Arábia Saudita produz petróleo. Quase toda a produção era reservada para os pouco exigentes consumidores locais, contentes por consumir a melhor carne bovina do mundo acompanhado de um dos piores vinhos que o mundo já provou.

O fato de o vinho vir numa garrafa, numa caixa ou numa meia grossa era irrelevante, já que costumava-se decantá-lo para uma jarra de alumínio antes de servi-lo em copos de fundo grosso, semelhantes aos que são usados em motéis para colocar as escovas de dente. Enquanto os avarentos e dedicados pseudo-enólogos ficam aliviados ao saber que este ritual ainda existe em restaurantes da periferia de Buenos Aires, tanto a qualidade como o status cultural do vinho argentino estão mudando. Os adjetivos utilizados por críticos de vinho influentes, como Robert Parker e Jancis Robinson para descrevê-lo, fizeram do malbec a variedade mais popular da Argentina, a “uva da vez” (grape du jour). Vinícolas, como a Catena Zapata, Alta Vista e Terrazas colocaram Mendoza - a província vinícola por excelência do país - firmemente no circuito das vinícolas. O que havia sido, antes, apenas uma indústria, é hoje um fenômeno.

E tão importante quanto isso, os argentinos - sempre felizes por ouvir boas coisas ditas sobre o seu país, porém relutantes em acreditá-las - estão se apaixonando pelos vinhos finos. Num restaurante onde, antigamente, o garçom perguntava apenas ‘tinto ou branco?’, hoje é possível que encontre um sommelier, roçando o queixo enquanto lhe apresenta a escolha, ‘2001 ou 2002?’. Os restaurantes abordados neste capítulo que ostentam cartas de vinho de excepcional qualidade são o Casa Cruz, Oviedo e Gran Bar Danzón. Uma outra tendência recente de nota é o aumento de ‘bodegas boutiques’: micro-vinícolas independentes que vendem diretamente através de pequenas lojas exclusivas ou restaurantes associados. Claro que a qualidade nunca lhe será assegurada, mas aí é que pode estar a satisfação procurada. Você poderá descobrir um excelente malbec do qual Robert Parker nunca tenha ouvido falar!


Cinco para degustar

Santa Ana, malbec. Onipresente, utilitário, destituído de buquê. Imagine um suco de cerejas diluído, sem açúcar. Aceitável com uma dose de água com gás, num dia de calor intenso, para ajudar a amaciar a carne.

San Telmo, cabernet sauvignon. Semi-encorpado, tinto tipo rústico que sugere aromas de frutas, chocolate e ervas. Um clássico a preço médio.

Humberto Canale, semillón. Suave varietal floral de um vinho pioneiro da Patagônia.

Nicolás Catena Zapata, caro, corte de malbec e cabernet sauvignon sem exageros no aroma amadeirado. Procure a safra de 1999.

San Pedro de Yacochuya, Torrontés. Adstringente, seco, sabor cítrico e adocicado persistente, cultivado na vinícola butique da família Etchart, próximo a Cafayate na província de Salta. Aprecie também os malbec!
 

Escrito por Time Out Viagem editors
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