Time Out Viagem

Cena gastronômica

Os chefs de Paris livram-se dos grilhões.

Por incrível que pareça, Paris tem perdido posições na cena gastronômica européia nos últimos anos. A Espanha rompe os limites culinários, Londres define o padrão de descontração e os italianos entendem o sanduíche de um modo que os franceses, com seu onipresente jambonbeurre, jamais conseguirão. Ainda assim, os restaurantes de Paris – talvez em reação à concorrência dos países vizinhos – não estão inertes. Cada vez mais, jovens chefs (e os antigos, como Joël Robuchon em seu Atelier de Joël Robuchon ou Alain Senderens do Senderens, De volta ao Senderens) rejeitam o rígido sistema hierárquico que um dia foi o único caminho para o sucesso.

Eles abrem seus próprios bistrôs, inventam seus estilos pessoais, escolhem os talheres e até mesmo incentivam o pessoal da cozinha a abrir seus próprios restaurantes. Pela primeira vez os chefs parecem se sentir livres para fazer o que quiserem – e sua alegria aparece na comida. O exemplo mais notável é Yves Camdeborde, que vendeu seu prestigioso bistrô La Régalade a um jovem e promissor chef e agora está à frente de um chique hotel em St-Germain-des-Prés com um discreto restaurante, o Le Comptoir. Mesmo os chefs da alta cozinha estão mais atrevidos: no pomposo restaurante do hotel Les Ambassadeurs, Jean-François Piège inventa sobremesas inspiradas nos doces da infância; Alain Ducasse deixa-se levar pela paixão por marshmallows. Sim, é possível comer mal em Paris, como em qualquer cidade do mundo – porém, esta ainda é a cidade que idolatra a comida, como demonstram seus 90 mercados e suas centenas de lojas especializadas.

A nova geração de chefs de bistrôs tira proveito da abundância de ingredientes – oferece menus variados e inspirados no mercado, para manter bons preços. Mesmo assim, o tempo das refeições de €10 já passou. Muitos dos melhores estão listados neste capítulo e, embora seja difícil fazer reservas de última hora para o jantar, o movimento no almoço é menor. Observe que os cardápios escritos em lousa, típicos destes bistrôs, não têm tradução em outro idioma – a menos que se tenha a sorte de encontrar um garçom bilíngüe. Apesar de todos os altos e baixos, existe alguma coisa na antiga capital gastronômica mundial que continua atraindo multidões. Elas buscam aquele bistrô que há décadas mantém o mesmo menu, a brasserie onde a degustação de ostras é apenas uma desculpa para olhar o vaie- vem de gente interessante e o templo da alta culinária, em que a comida torna-se arte. Felizmente, apenas o mais distraído dos turistas deixa a cidade sem ter provado uma refeição que justifica sua boa reputação culinária.


Leia mais em Onde Comer

Escrito por Time Out Viagem editors
Compartilhe

Comentários dos leitores

blog comments powered by Disqus

Outras notícias recomendadas

Esqui com exclusividade no Chile

Suíte temática do Sofitel Guarujá Jequitimar

7 cidades próximas a SP para curtir a dois