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Em Buenos Aires

Acredite no que dizem: a carne Argentina é a melhor do mundo! E, mais importante ainda, eles sabem prepará-la.

Na Argentina, quando bate a fome, todos idolatram o boi sagrado. Os esfomeados trabalhadores de obras transformam os carrinhos de mão em parrillas; visitantes vegetarianos se perguntam se, só desta vez, eles poderiam cometer um sacrilégio; e os chorizos estalando, a gordura sibilando no carvão quente e as rolhas detonando são sons comuns nos subúrbios. Portanto, pode acreditar no que dizem: a carne Argentina é a melhor do mundo! E, mais importante ainda, eles sabem prepará-la. Enquanto os ingleses costumam cozinhá-la e os franceses, cobri-la de ervas, os argentinos preferem que sua carne chegue ao prato quase do mesmo jeito que saiu do boi.

Só é necessária a intervenção do calor, al carbón (carvão) ou a la leña (lenha). A forma mais comum de preparo é colocar as peças em uma grelha (la parrilla) e assá-las vagarosamente para que retenham o caldo. Uma forma mais exótica é pendurar a carcaça em varas colocadas sobre um poço de brasas, método conhecido como al asador, ainda visto em várias churrascarias da cidade e nas estancias (fazendas). Este método é remanescente dos gauchos: uma técnica de sobrevivência que se transformou em fantasia do gourmand.

Onde comer

Após fazer amizade com um morador local (processo que deve demorar apenas dez minutos), há uma boa chance de que ele ou ela possa convidá-lo para um asado (churrasco), um ritual de extrema importância em que os hábitos argentinos são demonstrados. Olhe a pessoa que está rodando a manivela para ajustar a altura, como se estivesse afinando o motor de um Aston Martin. Esta pessoa será um homem – a tarefa de colocar a carne na grelha e virá-la de vez em quando é considerada muito complicada para ser realizada por uma mulher.

Na verdade, as mulheres da casa acabam fazendo boa parte do trabalho mais pesado, incluindo compras, preparação da carne, acompanhamentos e recebendo e entretendo os convidados. E, provavelmente, lavando a louça. Nunca dê conselhos ao asador. Caso ele ponha fogo na churrasqueira, tenha certeza de que era isso mesmo que ele queria fazer. Mas preste atenção, e ele dará todas as dicas sobre a arte de assar um bom churrasco.

Os temperos e as marinadas são vistos como inócuos preciosismos, mas, de vez em quando, seu novo amigo jogará um punhado de sal ou mergulhará a carne no suco de limão. Este não é nenhum Auguste Escoffier. À medida que o vinho começar a subir, provavelmente darão a você um choripan (sanduíche de lingüiça), às vezes servido com um chimichurri (molho de pimenta malagueta e ervas). Mas não coma demais, pois é apenas o prólogo. Ainda virá um estonteante desfile de miúdos e cortes de primeira.

Pouca comida é desperdiçada; quase poderíamos remontar o boi na mesa como um quebra-cabeça. A refeição inclui ainda salada, pão e litros de vinho. Como uma jibóia, você comerá o suficiente para se manter por muitos dias sem, no entanto, esquecer o conselho da Miss Piggy: nunca coma mais do que pode carregar. Tudo isso, além dos famosos filés argentinos, é encontrado nas churrascarias. Muitos turistas procuram os lugares mais sofisticados e caros de Puerto Madero e Recoleta.

Porém, não fique fissurado nesse tipo de estabelecimento porque, mesmo que os restaurantes menores, freqüentados pelos moradores locais e encontrados em todos os bairros, não tenham o mesmo glamour, são muito mais baratos, muitas vezes servem carnes mais saborosas e são muito mais divertidos.

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Escrito por Time Out Viagem editors
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