Antes de ir ao mercado e escolher entre rótulos argentinos, franceses, italianos ou espanhóis, por que não dar uma chance aos vinhos brasileiros? Para quem gosta do assunto, vale conhecer in loco algumas de nossas boas vinícolas, espalhadas pelo país. No entanto, há uma cidade em especial que concentra a maioria delas, Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. Tanto, que ganhou o apelido de Capital do Vinho. É lá que está situada a maior parte do chamado Vale dos Vinhedos, conhecido como berço das melhores vinícolas do país por ter perfeitas condições climáticas para o cultivo das uvas – úmido e temperado quente, que possibilita também a produção de vinhos brancos e espumantes, em terroirs. Suavidade e teor alcólico moderado estão entre as características que distinguem os vinhos brasileiros dos europeus. Preparado para a degustação? Então siga a nossa galeria, focada no Vale dos Vinhedos, mas que também passa por outras estações de gestação e degustação de vinhos.
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Glauco Umbelino / FlickrSALTON – BENTO GONÇALVES - RIO GRANDE DO SUL – Atualmente a vinícola Salton está sendo administrada pela terceira geração da família e comemora o fato de ser 100% brasileira. Ela existe desde 1910, quando seis irmãos da família Salton decidiram oficializar os negócios do pai, o imigrante Antonio Domenico Salton. Em 2004, a vinícola mudou para o distrito de Tuiuty, em Bento Gonçalves, e a área se tornou um importante ponto turístico da serra gaúcha. Com um lindo jardim planejado em frente à sede, está bem preparada para receber visitantes – há passarelas aéreas que possibilitam acompanhar todo o processo de produção, incluindo o engarrafamento e amadurecimento do vinho. Os passeios são realizados a cada 30 minutos, dentro do horário de funcionamento de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 16h30 e sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 17h.
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Isabelle Fontrin / FlickrCORDELIER – BENTO GONÇALVES - RIO GRANDE DO SUL – Em 1886, o italiano Eugênio Ziero veio para o Brasil trazendo em sua bagagem algumas mudas da videira da família como um gesto simbólico de respeito e continuidade aos valores. Ao longo dos anos a tradição foi sendo mantida, mas foi só em 1972 que um de seus tetaranetos chamado Lídio Zieiro iniciou as atividades da vinícola fundando-a, posteriormente, em 1987. Ela fica exatamente na entrada do Vale dos Vinhedos. O nome Cordelier significa “cordão de nós" e foi escolhido justamente para homenagear a religiosidade e devoção da família Ziero. Se for visitar, aproveite para almoçar no restaurante Don Ziero, cujo menu de de pratos italianos harmoniza-se com os vinhos produzidos pela família Ziero.
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ana_ge / FlickrPIZZATO – BENTO GONÇALVES - RIO GRANDE DO SUL – Também localizada no Vale dos Vinhedos, seus vinhos eram produzidos a partir da uva Bonarda, trazida diretamente da Itália e cultivada no Brasil por imigrantes. A tradição de plantar uvas e produzir vinhos para consumo próprio só virou negócio quando, em 1998, os filhos de Plínio Pizzato realizaram o sonho da família e começaram a comercializar os vinhos lá produzidos. Eles alcançaram a excelência na elaboração de vinhos tipo Merlot, e ao longo dos anos foram incorporando outras castas como Cabernet Sauvigon, Tannat e Egiodola. O período de colheita das uvas, que acontece de 15 de janeiro a 10 de março, é o melhor para visitar a vinícola Pizzato, que oferece um passeio de aproximadamente duas horas envolvendo noções de viticultura, vinificação, prática e degustação de vinhos. O passeio custa R$ 50 por pessoa e acontece às 10h e às 16h, durante o período de colheita. www.pizzato.net
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Celso Tissot / FlickrMIOLO – BENTO GONÇALVES - RIO GRANDE DO SUL – Líder de mercado e maior exportadora de vinhos brasileiros, a empresa possui vinícolas em diversas cidades brasileiras, em sua maioria no Rio Grande do Sul. Mas também tem parcerias internacionais com sedes na Espanha, Argentina e Itália. Apesar de ter iniciado seus trabalhos de viticultura em 1897, a comercialização de vinhos só se deu em 1990. O primeiro vinho da marca foi um merlot produzido com uvas do Vale dos Vinhedos, que é onde fica a sede da empresa. Lá, o preço do passeio, que inclui degustação, é de R$ 10, mas metade desse valor é abatido quando se compram produtos da loja. Saiba mais site da vinícola (miolo.com.br/enoturismo). Como opção de hospedagem, cogite o luxo do Hotel e Spa do Vinho para uma imersão completa.
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downthewaterfall / FlickrCASA VALDUGA – BENTO GONÇALVES - RIO GRANDE DO SUL – Essa vinícola é famosa por seus espumantes de qualidade e reconhecimento internacional. Eles estão no mercado desde 1975 e já ganharam vários prêmios, alguns inclusive internacionais, como o Effervescents du Monde, da França, que é o mais importante concurso de espumantes do mundo. A Casa Valduga foi uma das primeiras vinícolas brasileiras a dominar e desenvolver um método chamado Champenoise, que também é conhecido como Tradicional ou Clássico. Por ser um método mais artesanal, resulta em espumantes com perlage mais fina, evolução nos aromas e complexidade degustativa. Os visitantes podem se hospedar em uma pousada que fica nas mediações da vinícola, ou apenas experimentar o delicioso rodízio de massas que seu restaurante típico italiano oferece. É a vinícola ideal para curtir a dois, pois possui uma atmosfera romântica e aconchegante. As reservas devem ser feitas com antecedência, principalmente na época da vindima, que ocorre entre fevereiro e março. A Casa Valduga também fica na Vila dos Vinhedos. Mais informações no site casavalduga.com.br
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Clistenes Cardoso / FlickrAURORA – BENTO GONÇALVES – RIO GRANDE DO SUL – Considerada a maior vinícola do Brasil, a história da vinícola Aurora começou em meados de 1875, quando vários imigrantes do norte da Itália chegaram ao Brasil. Na região sul do país, eles encontraram paisagens e clima similares aos da Europa, o que possibilitou que retomassem a antiga arte da vitivinicultura, ou seja, o cultivo das uvas e fabricação do vinho, e montassem uma grande cooperativa anos depois, em 1931. Hoje em dia, o número de famílias associadas à cooperativa já ultrapassa 1.100. Atualmente, a vinícola Aurora (vinicolaaurora.com.br) fica no centro de Bento Golçalves, e não é necessário fazer agendamento para conhecê-la. As visitas são gratuitas, guiadas por profissionais vestidos a caráter e oferecem uma pequena degustação no final. Para os visitantes que quiserem levar uma lembrança, os produtos na loja da vinícola tem preços acessíveis.
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giancornachini / FlickrJOLIMONT – CANELA – RIO GRANDE DO SUL – Situada no município de Canela, no Rio Grande do Sul, a vinícola Jolimont é apenas uma das atrações para se visitar na região. Ela foi idealizada por um francês em 1948, e hoje em dia é parte importante da produção de vinhos refinados e artesanais no Brasil. Eles possuem 27 hectares de cultivo de uva e estão a 830 m de altitude, o que torna a posição privilegiada por receber raios solares nas primeiras horas da manhã até o pôr do sol, favorecendo a maturação homogênea dos frutos. Quem tiver interesse em conhecer a vinícola Jolimont, não pode deixar de visitar também a Catedral de Pedra, um belo templo católico de estilo gótico inglês. Outro atrativo imperdível é a Cascata do Caracol, uma queda livre de 131 m de altura, cercada por mata fechada sobre rochas, o que compõe um lindo cenário.
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Ana Paula Hirama / FlickrGÓES – SÃO ROQUE – SÃO PAULO – A vinícola Góes fica situada no Sudeste do Brasil, no município de São Roque, em São Paulo. Lá eles também possuem uma rota dos vinhos, ótima opção para quem mora longe do Sul do país e quer conhecer vinícolas e adegas. Com mais de 60 anos de tradição, ela é a maior vinícola da região e é especializada em vinhos de mesa tradicionais, licorosos, suaves e secos. Seus visitantes podem desfrutar de um passeio cultural que inclui desgustação de vinhos. E também almoçar em um restaurante recém-inaugurado no local, que tem bonita área externa com lago. O agendamento do passeio deve ser feito com antecedência pelo telefone (11) 4711-3501.
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Turismobahia / FlickrOURO VERDE – CASA NOVA – BAHIA – Quase do outro lado do país, a vinícola Ouro Verde fica situada no município de Casa Nova, na Bahia, e faz parte da Rota do Vinho do Rio São Francisco. Trata-se de outro projeto da vinícola Miolo, que comprou a Fazenda Ouro Verde apostando no clima semi-árido, com poucas chuvas e grande incidência de sol da região. Nem todas as vinícolas da área têm uma boa estrutura para visitantes, a Ouro Verde se sobressai. Lá é possível conhecer a cave subterrânea, a sessão de engarrafamento e destilaria, e terminar o passeio com uma boa degustação de vinhos. A melhor opção para os visitantes é fazer o passeio “Vapor do Vinho“, que começa no município de Juazeiro, à margem direita do Rio São Francisco, e tem como uma de suas paradas a vinícola Ouro Verde. Ele custa em torno de R$ 90 por pessoa (vapordovinho.com).
Escrito por Time Out Viagem editors
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