No século 18, a Estrada Real do Planalto Central ligava a capital Salvador ao interior da colônia. Eram cerca de 3 mil quilômetros de um caminho ora acidentado, ora plano, que serpenteava pela selva de Cerrado, conectando o Oceano Atlântico à cabeceira do Rio Guaporé, na fronteira do Brasil com a Bolívia. No Centro-Oeste, a estrada partia de Formosa, no Estado de Goiás, e passava por trechos onde hoje estão as cidades de Brasília, Planaltina, Luziânia, Perinópolis e Goiás Velho, até terminar em Corumbá de Goiás. Trechos de seu percurso, como uma trilha recentemente aberta por ciclistas entre Girassol e Perinópolis, já podem ser refeitas por atletas. Mas turistas podem visitar construções históricas que remetem ao tempo em que o ouro do interior do país era escoado pela estrada até chegar à capital portuguesa, passando por entrepostos e sesmarias. Isso sem falar nas inúmeras opções de ecoturismo em lagos, rios, saltos e cachoeiras.
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Douglas Fernandes/FlickrFORMOSA — GOIÁS — Conhecida no século 18 como Arraial de Santo Antônio (e mais tarde, como Arraial dos Couros), a cidade, a 80 km de Brasília, era o ponto de partida da Estrada Real no Planalto Central. A cidade preserva ainda hoje construções do período colonial, como os casarios coloridos de seu Centro Histórico, dividindo a atenção com a Catedral de Nossa Senhora da Imaculada Conceição (foto).
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Jackso Moura/FlickrFORMOSA — GOIÁS — Em 2012, transformou-se em ponto de partida de um percurso para ciclistas que refizeram um trecho de 90 km da Estrada Real do Planalto Central até a cidade de Girassol. O caminho inclui cachoeiras, rios e saltos. Outra de suas atrações é a Lagoa Feia, com 7 km de extensão e 400 m de largura, muito procurada por praticantes de esportes aquáticos.Visite também o Salto de Itiquira, que fica a apenas 34 km do centro de Formosa – trata-se da maior cachoeira de queda livre acessível do país, com 168 metros de altura.
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Ertigo/FlickrPLANALTINA — DISTRITO FEDERAL — O povoado que deu origem à cidade era chamado de Mestre D’Armas porque ali vivia um ferreiro especializado no conserto de armas de fogo. Seu centro histórico possui construções do século 18 em adobe, palha e em madeira. A capela de São Sebastião, construída pelas mãos de escravos a mando do senhorio local, tem imagens centenárias que foram encomendadas a artesãos de Portugal.
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Asa Delta Brasil/FlickrPLANALTINA — DISTRITO FEDERAL — Os moradores da região costumam se refrescar às margens da Lagoa Formosa. São 13 km² de água doce, frequentados por praticantes de esportes como windsurf, canoagem e banhistas.
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Suele Couto/FlickrBRASÍLIA — DISTRITO FEDERAL — Vestígios da Estrada Real do Planalto Central podem ser encontrados às margens do córrego do Brejo (atual piscina do parque e córrego Acampamento), dentro do Parque Nacional de Brasília, uma unidade de conservação de 30 mil km².
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Mauricio Mercadante/FlickrBRASÍLIA — DISTRITO FEDERAL — Ali também é possível conhecer exemplares da flora, a exemplo do maracujá silvestre (foto), e da fauna típicos do Cerrado, como o lobo-guará, o tatu-canastra, o tamanduá-bandeira, a jaguatirica e o ouriço-caixeiro, entre outros. O ingresso custa R$ 13. Saiba mais no site icmbio.gov.br
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Marco Gomes/FlickrLUZIÂNIA — GOIÁS — Localizada a 70 km de Brasília, a cidade foi fundada logo após a descoberta de ouro na região, no século 19. Entre suas diversas opções de ecoturismo estão cascatas e cachoeiras formadas pelos rios Corumbá, Vermelho e Descoberto. Além dessas, uma iguaria da cultura gastronômica local não deve ser ignorada pelo visitante. É a marmelada, produzida a partir de frutos colhidos na região.
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Oliveira Reis/FlickrPIRENÓPOLIS — GOIÁS — Diversos são os tesouros arquitetônicos da cidade, uma das últimas paradas da Estrada Real do Planalto Central. Entre eles estão o casario do centro, o Teatro de Pirenópolis, construído em 1899, em estilo colonial e neoclássico. Há ainda o Cine-Pireneus, em estilo art déco, de 1919, e a Casa de Câmara e Cadeia, de 1919, réplica da construção original de 1733.
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Elis Fiorentina/FlickrPIRENÓPOLIS — GOIÁS — A cidade também é conhecida como o principal polo gastronômico do estado. São doces de frutas, de leite, cristalizados, geleias, picles, alfenins (fotos) e biscoitos que podem ser provados durante as festas juninas da cidade. A famosa Festa de São João é realizada no Distrito de Lagolândia, nos dias 23 e 24 de junho, mas várias outras tomam o centro histórico durante todo o mês.
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ShutterstockGOIÁS VELHO — GOIÁS — Patrimônio Histórico e Cultural Mundial pela Unesco, a cidade conseguiu manter suas construções históricas intactas quando perdeu o posto de capital do estado para Goiânia, nos anos 1930. São diversas igrejas, praças e museus. Entre os mais conhecidos está a Casa Cora Coralina (1889-1985), dedicada à preservação e divulgação da obra da poetisa, que abordou a vida simples do interior em sua obra.
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CORUMBÁ DE GOIÁS — GOIÁS — Com sua arquitetura colonial preservada, Corumbá de Goiás (não confunda com a cidade homônima, localizada no Mato Grosso do Sul) convida à exploração histórica. A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Penha de França de Corumbá de Goiás (foto) é um exemplo, construída entre 1874 e 1880. Mas o local reserva também aventuras do ecoturismo. São quatro quedas d'água. Uma delas, no rio Corumbá, tem 60 metros de altura, além de piscinas e poços naturais nas encostas rochosas do Parque Estadual dos Pirineus. Um dos pontos mais visitados da reserva é o Pico dos Pirineus, com 1.385 metros de altitude.
Escrito por Márcio Cruz
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