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Amantes Eternos: crítica do filme

Amantes Eternos: crítica do filme

Estreia 14 Ago 2014

Diretor Jim Jarmusch

Elenco Tom Hiddleston, Tilda Swinton, John Hurt, Mia Wasikowska

Amantes Eternos, o filme louco sobre vampiros do diretor Jim Jarmusch, começa com um close up de uma plataforma giratória de mais ou menos 18 centímetros. Com essa sagacidade, esse filme sonhador exige que você relaxe e entre no seu clima lento e impassível, senão você vai acabar ficando louco. Tom Hiddleston e Tilda Swinton são Adam e Eve, um casal de vampiros com muitos séculos de existência. Ele está depressivo e cercado por guitarras e discos de vinil em uma casa gótica em Detroid, ela está morando em um flat em Tangier. Eles já viram de tudo e conheceram todo mundo - a guerra civil inglesa, Franz Schubert - e a vida parece ter chegado a um período de degeneração, com um ar sombrio.

O filme é bonito e tem um ar noturno, especialmente quando Adam e Eve dirigem pelas ruínas de Detroit no Jaguar XJS branco de Adam. Essas cenas podem ser os momentos mais hipsters já registrados nas telas. Mas Amantes Eternos se arrasta e apresenta sérios sinais de anemia como história. Falando sério, Jarmusch não parece estar nem um pouco preocupado com a história, e na verdade ele quase nunca está, com alguns dos seus filmes, como Sobre Cafés e Cigarros, Trem Mistério e Uma Noite Sobre a Terra, as dispensando com a pretensão de que suas durações sejam os seus pontos fortes.

Às vezes parece que é uma boa ideia, com uma atmosfera boa e com as preocupações diluídas. Por vezes demais ouvimos referências a acordar ao crepúsculo e ir dormir ao amanhecer; as conversas de humanos como zumbis é muito repetitiva (embora ter taxado Los Angeles como a central dos zumbis tenha sido brilhante); e os nomes seculares se tornam um pouco cansativos, mesmo tendo rendido risadas no começo. Aparições rápidas de Mia Wasikowska como a irmã imatura de Eve (ela ainda bebe o sangue da fonte) e de Anton Yelchin como o colega roqueiro de Adam e de John Hurt como Christopher Marlowe tira o filme do seu estado de torpor, e talvez mais algumas aparições como essas teriam dado um estímulo ao filme.

Ainda assim, tem algo mágico e magnético nessa dupla de vampiros maduros, legais e sabidões que Jarmusch criou e, de alguma forma, nunca parece boba. Pelo contrário, nós os passamos a ver como viciados em heroína - companhias boas e cultas, mas sempre distraídos com a próxima dose. Eles são um tipo refinado. Procuram seu sangue no mercado negro (Adam está confabulando com um médico de um hospital, interpretado por Jeffrey Wright), eles recuperam suas amizades com Byron e Shelley, eles refletem sobre cogumelos coloridos selvagens (‘Apenas mostra que nós não sabemos porcaria nenhuma sobre fungi’, diz Adam, muito sério) e eles discutem sobre ciência e planetas. Se isso for um resumo do conhecimento misterioso do diretor, então Tom Hiddleston e Tilda Swinton, vestidos para impressionar e incorporados a natureza meiga de seus personagens, são definitivamente as pessoas para dividi-las conosco.

Escrito por Dave Calhoun
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