Time Out São Paulo

Recantos secretos da 'Vila'

Nas andanças de nossos editores bairros boêmios da cidade, Catherine Balston revela os bares onde os moradores da Vila Madalena refugiam-se da invasão.

O movimento começa cedo na Rua Aspicuelta, conforme a Vila Madalena se prepara para o fim de semana. A algumas quadras dali, fora do centro da agitação, revela-se outra faceta deste bairro boêmio: os bares onde os moradores locais refugiam-se da invasão.
A Mercearia São Pedro (Rua Rodésia, 34, 3815 7200, merceariasaopedro.com.br) é o ponto de partida, um clássico da região, a dez minutos de caminhada, ladeira acima, desde a estação Vila Madalena do Metrô. Animada e sem frescuras, esta instituição paulistana funciona ainda como livraria e locadora de vídeo – as prateleiras são abarrotadas com velhas fitas VHS, livros empoeirados e mangás eróticos. Atrás do balcão, o proprietário do bar, Marcos, conta como eram as coisas na Mercearia (firme e forte há 40 anos) antes de a Vila Madalena se tornar tão popular: "Nós sempre lotamos – nossos amigos são artistas, jornalistas e escritores e sempre vieram aqui". A cerveja é barata, mas o serviço é lento e as filas são longas; então, a menos que você esteja preparado para esperar mais de uma hora por uma mesa, desfrute do ambiente tomando uma no balcão e siga adiante.
A cinco minutos dali, encontra-se o Sabiá (Rua Purpurina, 370, 4508 3554), reinaugurado em maio, depois de alguns anos fora de cena. A reabertura foi recebida pelos moradores locais com festa, como se fosse o retorno de um velho amigo. No charmoso interior, procure os ícones do horizonte de São Paulo, no mural branco e preto que cobre uma parede inteira. Escolha uma caipirinha (a de limão-galego, limão e lima-da-Pérsia estava deliciosa) e um prato caseiro para acompanhar; entre as opções, há escondidinho de carne seca e língua de vaca.
Desça a íngreme Rua Purpurina e vire à direita na Rua Delfina, até dar de frente com o que parece ser a garagem de uma casa. Na verdade, trata-se do Bar do Cesinha (Rua Delfina, 66, 3032 0058) – seu charme e simplicidade podem não agradar a todos, mas, para alguns, será amor à primeira vista. Lá dentro, há 65 tipos de cervejas artesanais; nós tomamos Newcastle Brown Ale, Colorado Ale, Spitfire e Bishops Finger – fomos atraídos para a última por um dos pôsteres de cerveja pregados na parede por Cesinha e sua mulher, mostrando uma luxuriante garçonete de taberna, junto aos dizeres "Nothing satisfies me like a Bishops Finger" (Nada me satisfaz tanto quanto uma Bishops Finger). Cesinha também serve uma excelente seleção de cachaças a preços razoáveis (prove uma dose de Claudionor, por R$5) e um delicioso sanduíche de rosbife (R$10). 
Seguindo em frente (o Cesinha fecha por volta das 23h), você chegará ao animado Platibanda (Rua Mourato Coelho, 1365, 3034 5812); se ainda estiver com fome, peça um prato de minicoxinhas (evite os canapés de rosbife). Por outro lado, se quiser ouvir música ao vivo, vá ao escuro e intimista Piratininga (Rua Wisard, 149, 3032 9775) e termine a noite curtindo um jazz. 

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Escrito por Catherine Balston
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