Time Out São Paulo

Bares de jazz

Ouvir Jazz em São Paulo nunca foi difícil, mas também nunca foi tão fácil.

Escutar jazz ao vivo em São Paulo nunca foi um problema, mas a relação da cidade com esse tipo de música começou a se estreitar na última década. Bares como o Madeleine, na Vila Madalena, o Teta e o Jazz nos Fundos, ambos em Pinheiros, investiram em espaços charmosos, do chique ao rústico, para que o paulistano curta cada nota tocada em seus pequenos palcos.

Junta-se a esse grupo os novos Jazz B, casa dos mesmos donos do Jazz nos Fundos, que fica a poucos passos da Praça da República, o QualCasa – uma mistura de galeria de arte e bar com espaço para shows de jazz nos finais de semana, na Rua Simão Alvares (Vila Madalena) – e o Riviera, que finalmente reabriu suas portas.

O remodelado bar é uma parceria entre empresário Facundo Guerra, um dos donos do Lions Club, Yacht e Cine Joia, e o superchef Alex Atala, dono dos restaurantes Dalva e Dito e D.O.M.. Mas se isso não é suficiente para matar sua fome de improvisações muscais, conheça nossa lista de bares para curtir jazz em São Paulo.

Madeleine | Jazz nos Fundos | Jazz B | All of Jazz |
Bourbon St. | Piano Bar do Terraço Itália | QualCasa | Serralheria | Ton Ton
 

Madeleine Jazz Bar

Rua Aspicuelta, 201, Vila Madalena (2936-0616/madeleine.com.br).

Rafael Furquim


Por todos os lados que se olha nesse confortável restaurante e jazz bar a poucas quadras do epicentro do fervo da Vila Madalena, há homens com chapéus estilo porkpie, muito popular entre a população negra nos Estados Unidos entre as décadas de 1920 e 1950. São os distintos garçons do Madeleine Jazz Bar, que circulam pelas mesas iluminadas por velas no embalo do ritmo das bandas de jazz, blues, choro e música popular brasileira.

Inaugurado em 2009, o bar atrai principalmente casais e grupos tranquilos de amigos, que se espalham por seus quatro aconchegantes espaços. O salão principal, com parede de tijolo à vista e quadros com detalhes da arquitetura dos prédios do centro velho da cidade é o mais perto dos músicos e acolhe bem quem não tem problemas com som alto. O mezanino e a adega são ideais para quem prefere um ambiente mais reservado, enquanto a varanda está disponível para grupos maiores ou eventos.

Abre de terça-feira a domingo, com programação variada às terças e quartas. Porém, os mais dedicados à música, não devem perder as noites de quinta, com o Hammond Grooves, um trio formado por Daniel Latorre no órgão Hammond B-3, Wagner Vasconcelos na bateria, e Daniel Daibem no violão. Daibem apresentou na Rádio Eldorado FM o adorado ‘Sala dos Professores’, de 2003-2011, e, apesar do programa ter acabado, parte do charme da banda está nas conversas musicais entre Daniel e os outros membros da banda, que compartilham os seus muitos conhecimentos de jazz.

Outro convite aos sentidos se dá pelo cardápio criado pela chef Ana Soares. Uma de suas pizzas-bistrô, por exemplo, tem massa feita com vinho tinto, coberta por champignon, aspargos, camembert de cabra, passas e presunto parma (R$ 52). Ao provar a cumbuca de frango ao curry (R$ 31), repare que o aroma cresce à medida que seu caldo se evapora. Um acerto se consumida com a cerveja ale Punk Ipa (R$ 22,90), leve e saborosa.

Jazz nos Fundos

Rua João Moura, 1076, Pinheiros (3083-5975/jazznosfundos.net). Metrô Sumaré.

Divulgação


Se a expressão ‘jazz de garagem’ existisse, teria sido cunhada nesse rústico bar. Sua entrada não é aparente, é necessário passar por dentro de um estacionamento para ter acesso a um corredor que vai levá-lo a um dos mais surpreendentes espaços da cidade. O projeto teve início como uma festa para amigos.

“Não mudou muito. A gente entende que a divulgação se dá pelo boca a boca e tomamos cuidado para que a casa não ultrapasse a lotação [de 150 pessoas]”, diz Danilo Tavares, 23 anos, funcionário da casa.

É raro encontrar ali, sob a luz baixa e entre cacarecos e gravuras do artista plástico Daniel Bernadinelli, alguém que não seja iniciado no jazz. Nomes do circuito internacional como os pianistas Walter Lang, da Alemanha, e Ricardo Castellanos, de Cuba, e o quarteto franco-suiço No Square já passaram por lá.

O bar tem boa oferta de cervejas e drinques, como a sangria (R$ 17, 250 ml), e margaritas (R$ 23). Entre os pratos, você pode sentir um pouco da cultura creole com o Muffuletta, sanduíche muito popular em Nova Orleans, feito com provolone, mussarela, mortadela, salame, presunto, picles e azeitonas no pão italiano caseiro. (R$ 12-R$ 34).

Jazz B

Rua General Jardim, 43, Vila Buarque (3257-4290/jazzb.net).

Grmisiti/Divulgação

Os bons resultados da residência do Jazz nos Fundos no bar Brahminha (entre julho e setembro de 2012) incentivaram seus sócios a abrirem negócio próprio na região central. Se você costuma ir ao Jazz nos Fundos, ficará surpreso com a facilidade com que encontrará o novo espaço – a casa fica totalmente exposta na rua, bem diferente do esconderijo que caracteriza o endereço de Pinheiros.

O local, que foi inaugurado definitivamente em julho de 2013, tinha pedigree de jazz mesmo antes da sua abertura, já que antes era o ponto do Bar B. Mas o novo espaço não deixou pistas do antigo. São dois ambientes conectados pelo local onde a banda se apresenta (não há palco). De um lado, a plateia senta em uma pequena e concorrida arquibancada. Do outro, apesar da existência de mesinhas, a maior parte do público permanece de pé, bebericando e conversando.

A moda é pedir o ‘chopp belga’ (R$ 7-R$ 11), da cervejaria catarinense Saintbier, e os petiscos incluem dadinhos de atum com molho apimentado (R$ 19) e sanduíche de salmão curado (R$ 17). A programação é independente da do Jazz nos Fundos, mas algumas apresentações passam pelos dois bares em dias diferentes.

All of Jazz

Rua João Cachoeira, 1366, Itaim (3849-1345/allofjazz.com.br).

Ana Pupulin

Um dos mais antigos bares de jazz em funcionamento na cidade, o All of Jazz foi inaugurado em agosto de 1995, no dia do aniversário de nascimento do grande pianista canadense Oscar Peterson (1925-2007). A homenagem aos mestres do gênero continua com fotografias de Miles Davis, Billie Holiday e Chet Baker afixadas por todas as paredes do pub de mesas e balcão de madeira escura.

Apesar da veneração aos ídolos do passado, o proprietário Antônio Augusto Deleuse, de 68 anos, é conhecido por sua generosidade com os músicos mais novos. “O All of Jazz tem em sua programação, na maioria das vezes, artistas experientes, como o saxofonista argentino Hector Costita e Joseval Paes, mas de segunda a quinta, dá espaço a novas formações ou a músicos novatos”, diz o guitarrista Ricardo Baldacci, que tocou na casa mensalmente entre 2005 a 2007.

O segundo piso tem uma loja de discos, aberta durante o horário de funcionamento da casa, com uma boa coleção de clássicos de jazz e bossa nova, além de DVDs e livros sobre música.

Bourbon Street Music Club

Rua dos Chanés, 127, Moema (5095-6100/bourbonstreet.com.br).

Divulgação

Eleita uma das melhores 150 casas de jazz do mundo pela revista Downbeat, o Bourbon Street é uma casa de shows de alto calibre. Apresenta artistas nacionais e internacionais de ponta, que tocam jazz, blues, soul e música latina, além de organizar um dos maiores festivais anuais de jazz de São Paulo, o Bourbon Street Fest.

Piano Bar do Terraço Itália

Avenida Ipiranga, 344, Centro (2189-2929/terracoitalia.com.br).

Guto Marques/Divulgação

No 42º andar do Edifício Itália, o Piano Bar – que fica no restaurante Terraço Itália entretém turistas e casais com vistas panorâmicas estonteantes, macias poltronas de couro e uma nova Enomatic, máquina de autosserviço de vinho, tudo isso acompanhado de jazz ao vivo

QualCasa

Rua Simão Álvares, 951, Pinheiros (3798-7508).

Divulgação

Inaugurada em julho de 2013, a QualCasa mistura um espaço de exposições, uma loja de design e um café. Aos fins de semana, bandas de jazz tocam (19h-23h) no terraço aos fundos da casa. Por trás do estabelecimento está Gil Barbosa, que era dono do Teta, e o músico e artista plástico Mario Netto.

Serralheria

Rua Guaicurus, 857, Lapa (98272-5978/escapeserralheria.org).

Don Salvatore

Um galpão discreto na Lapa, bairro fora do circuito boêmio, a Serralheria não é famosa pela acústica, mas atrai um público conhecedor de música que lota o espaço de bancos de madeira para ouvir uma eclética seleção de bandas. As noites de sexta-feira geralmente apresentam jazz contemporâneo.

Ton Ton Jazz

Alameda dos Pamaris, 55, Moema (3804-0856/tontonjazz.com.br).

Localizado em um espaço que parece um celeiro, com o palco de frente para o bar, o Ton Ton Jazz tem música ao vivo todas as noites da semana, com bandas tocando de tudo, de reggae e soul a pop e rock clássico. Um público de 30 e tantos anos para mais vai lá para ouvir jazz – programação permanente nas noites de sábado.


Escrito por Márcio Cruz
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