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Na Estrada

Quando o narrador Sal Paradise inicia sua viagem para dentro de si e do mundo, num mergulho íntimo e ao mesmo tempo de descobertas iminentes, tendo como cenário as estradas americanas dá pra sentir um calafrio - se você já leu o livro. Para quem já comeu com os olhos o On The Road de Jack Kerouac, sabe a montanha russa de sensações que está por vir. Ora reflexivas, ora deprressivas e ora cheias de adrenalina, as cenas do filme de Walter Salles retratam de forma genuína as experiências afetivas e de todas as ordens daqueles jovens. Na Estrada faz muito bem o dever de casa e adapta de forma sincera o livro que viraria Bíblia da geração beatnik.


O ator Sam Riley, que já provou ter sensibilidade o bastante interpretando Ian Curtis no cinema, faz do narrador uma figura cativante. Garrett Hedlund brilha no papel do amigo de Sal, sendo ele o grande motor da viagem em si, na pele do sedutor Dean Moriarty. O elenco aliás é um dos pontos altos, pelo menos ao que diz respeito ao personagens centrais. A lolita Marylou prova que Kristen Stewart pode atuar muito além da saga vampiresca Crepúsculo e faz um par caliente a lado de Hedlung, protagonizando as cenas com pouca roupa e muitas bocas. Kirsten Dust dá vida à reprimida Camille, esposa de Dean que se vê numa encruzilhada entre a paixão inevitável pelo galã e  a vida-louca- vida à qual ele não consegue abrir mão.


A sexualidade em sua forma mais ampla, está presente no filme de forma constante. Mas não só de cenas de sexo Walter Salles traz o tema e suas complexidades à tona. Amigos atraídos e traidos uns pelos outros, rompendo normas de comportamento e experimentando novas possibilidades. Na Estrada, assim como a obra original, definitivamente instiga os insatisfeitos.

Outro traço marcante é a musicalidade, o blues, o jazz, os ritmos negros americanos. Sal e cia, amantes do gênero, deixam clara a admiração tanto pela música negra quanto pelos músicos, tidos pelos garotos como ídolos. O filme acaba e deixa no ar uma vontade de entrar num túnel do tempo, arrumar as malas e rumar para Nova Orleans....se não for possível, arrisque um bom vinil de jazz ou blues (ou mesmo a trilha sonora do filme, que é ótima) um bom drink e amigos para uma prosa sobre a vida.

Escrito por Amanda Scarparo
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