Escondido em um indistinguível quarteirão da Rua Bela Cintra, no Jardim Paulista, entre um boteco barulhento e uma companhia de design gráfico, ergue-se o Blue Velvet, uma pequena imensidão azul. Inspirado no filme homônimo de David Lynch, a casa é decorada com tons profundos e sombras suaves; pequenos toques de vermelho e dourado tentam, em vão, ganhar espaço em meio ao azul, que parece penetrar até nos copos.

Uma porta corrediça de vidro abre-se para um longo corredor, com cortinas de veludo azul descendo em cascata pelas paredes, adornadas por nus franceses e coloridas imagens geométricas modernistas. Escolha uma mesa para dois, com tampo de obsidiana, à luz de velas, ou uma mesa para quatro pessoas, com cadeiras de plástico vermelhas e douradas, frágeis mas confortáveis, e confira a procissão caminhando contra as cortinas azuis, em direção ao bar. Deslumbrantes minicandelabros de cristal iluminam o caminho até o animado bar principal, junto à pista de dança.

Tingida do azul enevoado das luzes do bar, a pequena pista de dança oferece uma seleção de rock, soul e disco. Se estiver com vontade de dançar, aproveite; caso contrário, acomode-se em um dos sofás de couro, perto do bar, e observe seu reflexo nos espelhos de moldura dourada enquanto toma um Long Island Iced Tea, um caipisaquê ou um Isabella Rossellini – espumante, licor de melão e soda limonada.

Atrás do bar fica um pequeno foyer que leva aos banheiros, com as paredes pintadas com tinta de lousa para que as pessoas deixem seus recados. Mais aos fundos, há um salão intimista onde você pode provar as saladas, sanduíches e sobremesas. Os garçons são ágeis e o público costuma ser uma mistura de jovens empresários, socialites e hipsters, cada qual com seu copo cor de safira. O cenário perfeito para curtir um blues.