Quando tiver nas mãos este CD, LP ou sete polegadas em vinil, não leve muito em consideração a imagem de capa que mostra a silhueta do frontman do Cérebro Eletrônico e Jumbo Elektro com ares de cowboy em frente a um sol poente bucólico. A imagem não poderia estar mais longe do conteúdo urbano deste primeiro álbum solo do cantor e DJ. Em todas as composições, ele traça um retrato de tipos e atitudes da Pauliceia contemporânea: começa com a crônica de uma menina pseudo-existencialista (em ‘Sartriana’, parceira com Leo Cavalcanti), discorre sobre o medo de amar (‘Perigas Correr’) e chega ao auge dessa prosa de contador em ‘Par de tapas que doeu em mim’ – uma faixa de mais de dez minutos em que ele descreve uma briga amorosa com a Augusta, seus clubes e freaks como pano de fundo.
O guitarrista Junior Boca e o baixista Dustan Gallas fornecem uma boa base para as canções que passeiam pelo pop, rock e baladas, sempre com finais repletos de Mellotron e corinhos sessentistas (fácil associar alguns trechos com Mutantes e Beatles). O som fica melhor ainda quando os músicos se soltam em clímaxes, ao invés de servirem como mero acompanhamento para a voz de Tatá (que soa bem em ‘Machismo às Avessas’, com teclados quase kitsch). Exercício divertido ouvir esse álbum do super atuante Tatá Aeroplano e pensar como a atual cena musical de São Paulo bebe em fontes sessentistas, incorporando aqui e ali algumas outras referências.
![](/contentFiles/image/saopaulo/08_MUSIC/features/2012/albuns-cds-capas/capa-cd_tata-aeroplano_bx_pi-152x110.jpg)
Escrito por Fabiana Caso