Time Out São Paulo

Balada ao amanhecer

Sol brilhando no céu azul e a festa colorida está apenas começando.

A casa está cheia e as pessoas fazem uma fila comprida do lado de fora para entrar. A fila se estende pelo estacionamento e aumenta ainda mais à medida em que taxistas deixam mais baladeiros na entrada. Batidas pesadas de house escapam quando o segurança abre brevemente a porta, só para colocar mais cinco para dentro. Seria uma cena comum em qualquer casa noturna, exceto pelo fato de que são 9 horas na manhã, o sol brilhando no céu azul. Para quem gosta de balada noite e dia, o segundo ato começa no after-hours. Os principais afters gays acontecem em três lugares: Cantho, Code Club e Mary Pop. Para garantir pista cheia, as casas se revezam nas manhãs de domingo, já que a maioria dos notívagos da cidade já está indo para a cama. A divulgação é feita basicamente no boca a boca, com flyers meio bregas distribuídos em grandes clubes como o Megga e a The Week. As festas normalmente começam por volta das 7h, atingem o pico lá pelas 9h e não acabam antes das 3h ou 4h da tarde. 

“Nas noites de sábado, às vezes parece que as casas fazem seus DJs alternarem músicas ótimas com porcarias, só para as pessoas irem comprar alguma coisa no bar”, acredita o clubber Paulo, 32. “Mas aqui eles tocam só as músicas que a gente realmente quer ouvir. É muito bom.” Um dos afters mais populares é o Energy, aos domingos na Cantho, o clube underground no Largo do Arouche, que já promoveu uma festa para Marc Jacobs. O som é um mix de tribal com hits atuais.
Não longe dali, no lado um pouco mais suspeito do centro, o Mary Pop – com trilha sonora de samba e hip hop a hits dos anos 1980 – também promove uma after-party gay, a Factory, geralmente na manhã do último domingo do mês. O lugar tem dois andares, com um pequeno restaurante. No andar de cima, a pista é convenientemente escura, com tribal e house progressivo tocados por DJs convidados da The Week.
O mais inusitado dos lugares, no entanto, é o Code Club. Quando não está funcionando como after-hours GLS, esse motel  transformado em casa noturna é o destino de “casais liberais”ou, em termos menos eufemísticos, uma casa de swing para... casais héteros. Enquanto a pista de dança toca um som meio sem graça, uma porta lateral leva a um segundo espaço, com um labirinto de cabines para aqueles em busca de encontros mais íntimos. As frestas nas paredes convidam ao voyerismo, e os quartos escuros permitem... bem, você sabe.
A multidão do after-hours é mais variada do que se pode esperar: amigas de gays e casais héteros se enturmam com twinks, travestis, barbies sem camisa e profissionais do sexo de folga. Todos dançam como se não houvesse amanhã. “Eu prefiro ficar em casa sábado à noite, dormir bem e chegar aqui às 9h da manhã com muita energia para gastar”, diz Natália, 23, no Code Club acompanhada de seus cinco amigos gays. Mas ela parece ser uma exceção. “A maioria de nós sai para dançar em algum lugar antes. Se você não estiver bêbado, não aguenta”, diz Cláudio, 35. “Bom, até aguenta, mas não se diverte tanto.” 
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Energy @Cantho Largo do Arouche 32, Centro (3362 1530/ cantho.com.br).
Code After @Code Club Avenida Professor Francisco Morato 3507, Vila Sônia (3739 1068/ codeclubinternational.com.br).
Factory @Mary Pop Rua Barão de Campinas 375, Santa Cecília (3223 9142/ marypopclub.com.br).

Escrito por Thiago Lasco
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