Meu ateliê fica na Lapa, em um armazém de aproximadamente 150m². É uma região bem silenciosa e gosto disso. Preciso de calma para trabalhar. Tem barulho, mas somos nós que o fazemos, quando estamos trabalhando em esculturas em madeira ou em instalações. Faço isso principalmente à tarde. À noite, pinto. É um espaço grande e aberto – sem paredes. Há outra sala, com duas estantes, uma pequena cozinha e dois outros artistas, Adams Carvalho e Paulo Whitaker. Nós conversamos, trabalhamos, fazemos pequenas pausas para o café.

Escuto música enquanto estou trabalhando. A última coisa que ouvi foi David Bowie – gosto muito de Space Oddity. Ele me ajuda no processo de pintura. Para esculpir, escuto mais Clash e Sex Pistols. Combina melhor com os ruídos do trabalho.

Quando estou pintando, às vezes começo com um desenho. Às vezes começo pintando algo pequeno, ou algo grande. Às vezes jogo tinta em cima, ou ergo a tela deixando a tinta escorrer. Às vezes é mais uma colagem. É um pouco mais caótico, mas eu gosto da mistura de cores e texturas.

Hoje, há três grandes esculturas de madeira na parede, além de algumas pinturas nas quais estou trabalhando. No Ano Novo, irei para os Estados Unidos para duas exposições. Construirei instalações, então devo ficar três semanas. Eu gosto de viajar, de conhecer pessoas e fazer novos projetos. Sempre gostei de viajar, então escolhi a profissão certa. Como artista, você pode fazer seu próprio horário. Não é como as pessoas que viajam a trabalho e passam todo o tempo trabalhando.

Morei em Londres por um ano, em 2001, em New Cross Gate. Foi muito legal. Na Inglaterra, com Lucien Freud, há a tradição da carne, da pele. Isso deve ter influenciado alguns dos meus trabalhos mais viscerais. Algumas das minhas pinturas são mais coloridas, o que pode ter mais a ver com David Hockney. Eu vivo de arte há cerca de quatro anos. Tenho 37 anos e não tenho filhos, o que ajuda.